Os jornais dissecaram a crise no governo do Distrito Federal durante o final de semana e inauguram a segunda-feira (7/12) dando como certa a expulsão do governador José Roberto Arruda do Partido Democratas. Mas há espaço de manobra suficiente para Arruda protelar a decisão, por conta das vacilações dos dirigentes partidários.
Nos detalhes do noticiário se constata que o esquema de corrupção exposto pelo ex-secretário Durval Barbosa foi herdado do governo anterior, de Joaquim Roriz, que durou oito anos. Como o denunciante – que fez acordo de delação premiada – teve tempo para gravar uma infinidade de conversas, muitas figuras notórias do Democratas e de outros partidos temem aparecer a qualquer hora estrelando um desses vídeos.
O Estado de S.Paulo publicou domingo (6/12), e o Globo repercute na segunda (7), uma avaliação do patrimônio pessoal do governador Arruda: em sete anos, ele ficou 1060% mais rico, e ultimamente andou comprando imóveis de valor elevado em nome de terceiros. No entanto, seus advogados insistem em declarar sua inocência e vão tentar impedir sua expulsão do partido até quinta-feira (10).
Podem conseguir a façanha, segundo os jornais, por causa das muitas fissuras na legislação, que deixam o Judiciário de mãos atadas diante da infinidade de recursos disponíveis para quem pode pagar uma boa defesa.
Por que não muda
O Globo tentou, no domingo, fazer história com uma ambiciosa reportagem sobre as causas da impunidade dos corruptos no Brasil. Diante da constatação de que apenas 1% das ações contra autoridades no Superior Tribunal de Justiça resultam em condenação, o jornal fluminense tenta pesquisar as razões de tamanha ineficiência.
Mas a reportagem se esvazia num emaranhado de opiniões repetitivas sobre a morosidade dos processos, sem apontar onde exatamente seria necessário mudar, que direitos deveriam ser suprimidos ou relativizados para que a Justiça realmente viesse a funcionar.
Talvez tenha faltado ao jornal questionar exatamente isso: se existe vontade real dos donos do poder para mudar o sistema judiciário.
Um dos entrevistados na reportagem, presidente da Associação Brasileira de Magistrados, afirma que a lei não muda porque empresários influentes e políticos poderosos não querem que mude.