Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Comunique-se


MERCADO EDITORIAL
Comunique-se


Mesmo com crise, faturamento em publicidade continua em alta, 19/12


‘Apesar da crise financeira, o faturamento dos veículos de comunicação com
publicidade continua em alta. Em outubro deste ano, os anunciantes investiram
cerca de R$ 2 bilhões na divulgação de suas marcas, valor 9,7% maior que no
mesmo mês de 2007. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o valor alcança
R$ 17,4 bilhões, com alta de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.


O destaque é a internet. O faturamento em outubro deste ano foi 45,5% maior
em comparação ao mesmo mês de 2007. No acumulado, a alta é de 46,9%. Contudo, a
participação do segmento no mercado ainda é restrita: cerca de 3,5%.


A televisão, que abocanha a maior fatia do mercado, faturou em outubro R$
1,230 bilhão, valor 8,8% maior que o mesmo mês de 2007. No acumulado, o
crescimento foi de 13,5%.


O segmento jornal registrou faturamento de R$ 304,6 milhões. Alta de 4% em
relação a outubro de 2007. No ano, o segmento ganhou R$ 2,8 bilhões, com
crescimento de 14,2% em relação a 2007. O ponto negativo é para a receita com
classificados: baixa de 4,2% em relação ao mesmo mês de 2007. Esse número pode
ser um sinal da crise, já que no acumulado do ano, a alta é de 8,6%.


O resultado positivo se repete no rádio. Em outubro, a receita gerada por
publicidade foi de R$ 84,6 milhões, valor 15,2% maior que o alcançado em outubro
de 2007. Nos dez primeiros meses do ano, a alta é de 21,8% em relação ao mesmo
período de 2007.


O segmento revista faturou em outubro R$ 204,5 milhões, com crescimento de 9%
em relação ao mesmo mês de 2007. No ano, alta de 19,2%.


A receita em publicidade da TV por assinatura também apresentou aumento
significativo: 24,9% em outubro deste ano em comparação ao mesmo mês de 2007. No
ano, alta de 29,6%. O segmento cinema apresentou em outubro alta de 2% quando
comparado com outubro de 2007. No acumulado, o crescimento é de 21,6%.


O único segmento que registrou retração foi o de guias e listas. A queda foi
de 7,3%. No ano, o tombo é de 10%.


Os números são do Projeto Inter-Meios, relatório de investimentos em mídia da
editora Meio & Mensagem.’


 


DE SAPATOS & BOTAS
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Jornalista ucraniano joga bota em conferencista, 19/12


‘Repórter do canal de TV ATV, o jornalista ucraniano Igor Dimitriev resolveu
imitar o colega iraquiano Muntazer al-Zaidi e atirou sua bota contra um
representante da Otan, nesta sexta-feira. Ele desafiou o sociólogo ucraniano
Oleg Soskin, que na qualidade de representante da Otan dava uma conferência
sobre as vantagens da integração da Ucrânia na Aliança Atlântica.


O jornalista interrompeu o sociólogo, no Instituto Pedagógico de Odessa, que
era ouvido por muitas mulheres jovens. ‘Vejo aqui tantas meninas bonitas. Por
que vocês gastam seu tempo escutando esses homossexuais velhos, carecas e
estúpidos? Agora vou ensinar o que é preciso fazer com esses palhaços’, disse
ele, antes de tirar a bota e a lançar contra o conferencista.


Soskin desceu do palanque, se agachou mas não consegui evitar o impacto da
bota. Os dois começaram a lutar e foram separados por seguranças, que tiraram o
jornalista da sala.


Em entrevista à Revisor, o repórter contou que decidiu imitar o colega
iraquiano para ‘devolver à política mundial o tema do sapato, introduzido na
arena internacional por Nikita Kruschev’, o líder soviético que bateu com o seu
na tribuna da ONU.


‘Foi uma provocação, e muito bem orquestrada’, declarou Soskin.


As informações são da EFE.’


 


Comunique-se


Jornalista iraquiano foi cooperativo com juiz, 18/12


‘Muntazer al-Zaidi, jornalista iraquiano que jogo os sapatos no presidente
dos Estados Unidos, George W. Bush, foi cooperativo nas respostas às perguntas
feitas por um juiz de instrução, na quarta-feira (17/12). Ele se apresentou a um
tribunal, mesmo depois de Bush pedir às autoridades iraquianas que ‘não sejam
muito severas’ com o seu agressor.


‘Eu fui com meus dois irmãos, Maitham e Udai, à ‘zona verde’ (setor
ultraprotegido de Bagdá), onde aconteceu a audiência, mas não pude ver meu irmão
detido’, disse Durgham al-Zaidi, irmão do jornalista.


‘O juiz o interrogou e depois disse que meu irmão havia cooperado’,
acrescentou.


‘Não sei o que vão fazer, mas as autoridades não devem ser muito severas’,
disse Bush, antes de admitir que o episódio de domingo (14/12) foi ‘um dos mais
bizarros que viveu’ em seus oito anos de presidência.


Carta


al-Zaidi pediu perdão ao primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, em
carta. O conselheiro da imprensa do primeiro-ministro, Yassin Mayuid, contou que
Maliki recebeu a carta nesta quinta-feira.


O jornalista lembrou as boas-vindas dadas por Maliki no verão de 2005, quando
fez uma entrevista com o premier.


‘Pode ser que não valha pedir perdão agora pela gravidade do que fiz’,
escreveu o repórter na carta, segundo Mayuid.


As informações são da AFP e da EFE.’


 


Antonio Brasil


Repercussões das sapatadas em Bagdá, 15/12


‘E ainda tem gente que diz que o jornalismo está morrendo e que não há mais
jornalistas corajosos ou com algum tipo de consciência como antigamente.


Os últimos acontecimentos em Bagdá, onde um jornalista de TV atirou seus
sapatos contra o Presidente Bush, provam o contrário. O evento repleto de
simbolismos políticos e culturais inaugura uma nova forma de protesto público e
deflagrou uma onda de manifestações contra a política externa americana no
mundo. Um triste e patético fim para a era Bush.


Em Bagdá, imagens de TVs registram ao vivo um momento importante da história
recente. O presidente Bush falava numa coletiva para a imprensa ao lado do
primeiro-ministro do Iraque, Nuri al Maliki, quando o repórter iraquiano
Montazer al Zaidi, da TV Al Bagdadia, com sede no Egito, se levantou, a cerca de
um metro de distância do americano, e gritou, em árabe: ‘este é seu beijo de
despedida, cachorro’.


Com grande e surpreendente agilidade, Bush conseguiu se desviar dos sapatos
voadores e não ser ferido antes de o jornalista ser contido por seguranças.
Assista ao vídeo:


Em um último manifesto desesperado, o jornalista iraquiano ainda gritou
contra George W. Bush: ‘Você é responsável da morte de milhares de iraquianos’.


Louco ou herói?


Jornalistas não são pessoas comuns. Na linha de outros grandes repórteres
como Ernest Hemingway, Edwad Murrow e Daniel Pearl, que se imortalizaram ou se
sacrificaram para buscar notícias e defender causas, agora teremos que lembrar o
nome de um louco ou herói iraquiano: Montazer al Zaidi. Ele agora está preso em
lugar desconhecido e provavelmente está sendo interrogado pelos militares
americanos ou iraquianos. Tanto faz.


O NY Times divulga que ‘depois de atirar os sapatos, Zaidi foi contido por
seguranças, que o derrubaram e, na seqüência, o arrastaram para fora da sala.
Uma repórter de uma emissora pertencente ao partido do primeiro-ministro
iraquiano declarou que Zaidi apanhou até chorar como uma mulher.’


Ainda segundo o NY Times, enquanto Bush comentava o episódio ‘os gritos do
homem, vindos de fora, podiam ser ouvidos’. Louco ou herói, a vida de mais
jornalista está em jogo.


Para seus colegas iraquianos, ‘o comportamento dele deve ser considerado como
uma iniciativa própria e não do canal de televisão para o qual trabalha,
Al-Bagdadia’.


Mas de acordo com a advogada Tarek Harb, entrevistada pela agência de
notícias France Presse, ‘o jornalista pode ser condenado a pelo menos dois anos
na prisão se for processado por ‘insulto a um líder estrangeiro em visita ao
Iraque.’


Repercussão internacional


As imagens do incidente deram volta ao mundo rapidamente. O site do canal
árabe de notícias Al Jazeera menciona que ‘o incidente serve de lembrança vívida
da ampla oposição à invasão do país coordenada pelos EUA e à subseqüente
guerra’.


O jornal espanhol El País informa que ‘tanto Bush quanto o primeiro-ministro
iraquiano olharam o repórter com perplexidade, esperando que os agentes de
segurança retirassem o autor da sala de despachos de Maliki, onde acontecia a
coletiva de imprensa’.


O diário francês Le Monde declara que ‘um ex-advogado de Saddam disse existir
ao menos 200 advogados do Iraque interessados em defender o repórter de graça’ e
que o jornalista pode ‘ser condenado ao menos a dois anos de prisão se for
processado por ‘insulto a um líder estrangeiro em visita’.


Enquanto isso no Iraque, milhares de pessoas gritavam: ‘Bush, Bush, ouça bem:
dois sapatos em sua cabeça’. A imprensa internacional divulga que há protestos
coordenados por todo o país pela libertação e contra o novo pacto de segurança
entre Iraque e EUA.


Em Najaf, uma cidade sagrada xiita iraquiana, alguns manifestantes lançaram
sapatos em patrulhas norte-americanas.


Até agora, as tropas dos EUA não responderam à provocação. O clima é tenso no
Iraque e em vários países do Oriente Médio. Nas próximas horas, tudo é possível.


Pelo jeito, o presidente eleito Barack Obama vai encontrar muitas
dificuldades para sair do Iraque e não parecer que mais uma vez os EUA foram
derrotados.


A lembrança do Vietnã e as ameaças do Afeganistão podem comprometer os planos
e as promessas do futuro presidente americano.


Se a moda pega…


Enquanto isso, o canal de televisão Al Bagdadia, com sede no Cairo, pediu
ainda que a imprensa árabe e internacional mostre sua solidariedade com o
jornalista iraquiano e pede a libertação de seu repórter. ‘O comitê diretivo do
canal Al Bagdadia exige que as autoridades libertem imediatamente Al Zaidi de
acordo com a liberdade de expressão e democracia prometida pelo novo regime
iraquiano’.


No mundo todo, a repercussão da atitude do jornalista agora com os pés
descalços foi enorme.


Daqui do Brasil aproveito para pedir a libertação do repórter iraquiano e a
devolução dos seus sapatos. Já devem valer milhões. Se sobreviver à prisão e aos
interrogatórios, ele certamente vai precisar.


Em verdade, o jornalismo sobrevive enquanto houver pessoas dispostas a
investigar os fatos, divulgar notícias, enfrentar as autoridades e se revoltar
contra as injustiças. Todo o resto é ‘armazém de secos e molhados’. Temos que
ser equilibrados, objetivos e imparciais. Mas não temos que ser necessariamente
‘indiferentes’.


Bush tentou manipular a mídia, fazer propaganda, se utilizar de jornalistas e
mudar a ‘sua’ própria história. Mais uma vez, sua elaborada estratégia de
marketing não funcionou. O tiro ou melhor, a sapatada saiu pela culatra.


Outros políticos que também adoram criar ‘factóides’ e manipular a mídia tem
muito a aprender. Eles que se cuidem.


Diante de tantas injustiças, os sapatos de jornalistas se tornam símbolos de
protesto ou até mesmo ‘armas de destruição em massa’. Destruição de carreiras,
reputações e grandes mentiras.


(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da
Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela
London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e
pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova
pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ
sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e
correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no
escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as
agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela
implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com
programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz
Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007.
Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha
Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o
recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São
Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’


 


MÍDIA & POLÍTICA
Comunique-se


Ministro da Justiça critica espetáculo em ações da PF, mas defende
imprensa


‘Ao mesmo tempo em que criticou a transformação das operações da Polícia
Federal em ‘espetáculos cinematográficos’, o ministro da Justiça, Tarso Genro,
defendeu a atuação da imprensa nas coberturas. ‘(É importante estar atento para
a) não banalização das ações da Polícia Federal, como se essas ações fossem
espetáculos cinematográficos, isso nada tem a ver com as ações da imprensa, que
tem o direito de correr atrás do furo’, disse Genro na última quinta-feira
(18/12), durante a apresentação dos balanços anuais da PF e da Polícia
Rodoviária Federal.


O ministro alertou para o perigo da exposição gerar uma ‘eventual punição
antecipada’. Também criticou a antecipação das ações para alguns órgãos de
imprensa, gerando fontes dentro da polícia que muitas vezes têm que mentir para
os seus superiores para manter a relação com os jornalistas.


‘Mas tem a ver com uma preocupação nossa, como vinham sendo feitas, (as
ações) podem gerar dois prejuízos: a eventual punição antecipada — às vezes a
gente sabe que a pessoa merece mas não temos a sentença judicial — e a
exposição pública de uma pessoa de uma maneira ostensiva vale para um
julgamento. A pessoa tem que ter a oportunidade de colocar a mão sobre seu
rosto, uma pasta, e de não ser exposta’.


Com informações da Folha Online e da Agência Brasil.’


 


 


MEMÓRIA / MARK FELT
Comunique-se


Morre Mark Felt, o ‘Garganta Profunda’, 19/12


‘Fonte dos repórteres do Washington Post Bob Woodward e Carl Bernstein,
responsável pela renúncia do ex-presidente norte-americano Richard Nixon,
morreu, aos 95 anos. Embora sofresse de problemas cardíacos, a causa da morte
ainda não foi divulgada. Em reportagem informando a morte de Mark Felt, o The
New York Times se referiu a ele como a ‘fonte anônima mais famosa da histórica
americana’.


Em 2005, Felt revelou ser a fonte dos jornalistas do Post. Embora sua família
tenha garantido que as razões que o levaram a fazer isso era deixar um legado
permanente, o próprio ‘Garganta Profunda’ disse que fins lucrativos o motivaram
a confessar que foi ele quem passou as informações do escândalo Watergate.
‘Agora vou organizar e escrever um livro ou algo assim, e ganhar todo o dinheiro
que puder’, declarou ele, na época, em sua residência de Santa Rosa
(Califórnia).


O NYT revelou naquele ano que a família de Felt, preocupada com seu estado de
saúde, começou oferecer a história, após tentar em vão um acordo de colaboração
com Woodward. Os Felt ofereceram o caso ao jornalista Todd Foster, então
colaborador da revista People, que se negou a publicar um artigo porque a
família exigia dinheiro para isso. Segundo declarou Foster ao Times, ‘isto
sempre teve a ver com o dinheiro, e eles foram muito claros sobre isso
comigo’.


Depois, a família propôs um livro à editora ReganBooks, da casa
HarperCollins, mas as negociações fracassaram devido à preocupação da empresa
com o estado mental de Felt.


Finalmente, a notícia foi publicada na Vanity Fair, que pagou US$ 10 mil por
um artigo escrito pelo advogado da família, John O’Connor.


A identidade do ‘Garganta Profunda’ foi mantida em segredo por 30 anos. Os
repórteres do Post prometeram que só revelariam a fonte das reportagens quando
ela morresse.


Com informações da Reuters.’


 


MÍDIA & JUSTIÇA
Comunique-se


Justiça nega pedido de indenização de promotor à revista Veja, 19/12


‘O juiz Luiz Otávio Duarte Camacho, da 4ª Vara Cível de São Paulo, negou
pedido de indenização por danos morais no valor de R$ 20 mil feito pelo promotor
José Carlos Blat. Ele processa a Editora Abril por reportagem publicada na
revista Veja.


Camacho entendeu que a pessoa pública que se destaca por seu trabalho precisa
se preparar para suportar e se acostumar a ser notícia. Reconheceu o trabalho do
promotor na atuação contra quadrilhas e cartéis. Para o juiz, aqueles que
combatem a prática de crimes graves acabam ficando ‘sob a luz dos holofotes’.
‘Não iria o autor ter a pueril ilusão de que seria um anônimo profissional,
realizando o trabalho que realiza’, escreveu.


A reportagem, intitulada ‘Intocável sob suspeita’, trata de procedimento
administrativo aberto contra o promotor na Corregedoria do Ministério Público de
São Paulo, que o investigava por tentar se livrar de multas no Detran. A
apreensão de um carro do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime
Organizado (Gaeco), do qual o promotor fazia parte, por um criminoso, fora de
São Paulo, também estava sendo investigada.


O juiz afirmou que os fatos narrados na reportagem são verdadeiros, uma vez
que o promotor respondia a procedimentos administrativos na corregedoria do
órgão onde trabalha. Camacho também entendeu que não foi demonstrado o dano
moral.


Os advogados Alexandre Fidalgo e Claudia de Brito Pinheiro, do escritório
Lourival J. Santos Advogados, argumentaram que não houve ofensa na
reportagem.


Camacho destacou que a liberdade de imprensa está acima do direito à
informação e que ninguém está acima desse direito. ‘O autor é uma pessoa ligada
à ‘coisas do Estado’ e como tal tem obrigação de se sujeitar ao crivo da opinião
pública, que é alimentada pela imprensa. São as regras do jogo e do exercício da
democracia’.’


 


Sérgio Matsuura


Fenaj pede divulgação de suposta lista de jornalistas da Satiagraha,
18/12


‘A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) decidiu enviar ofício à Polícia
Federal e ao ministro da Justiça, Tarso Genro, pedindo que a lista com os nomes
dos jornalistas supostamente envolvidos com investigados da Operação Satiagraha
se torne pública.


‘Nós decidimos montar um ofício juridicamente sustentável, pedindo acesso a
essa lista. Ou as pessoas param de fazer menção a esse caso de forma leviana,
porque está respingando em toda uma categoria’, justifica o presidente da Fenaj,
Sérgio Murillo.


Há três semanas, a entidade nomeou seu assessor jurídico para estudar medidas
judiciais para impedir a divulgação de ‘denúncias infundadas’ sobre a ligação de
jornalistas com Daniel Dantas. Murillo informa que a entidade ainda estuda que
tipo de medida será tomada.


Além da lista, o presidente da Fenaj pede que as provas sejam apresentadas,
para evitar que injustiças sejam cometidas. O ofício será protocolado ainda
nesta quinta ou na sexta-feira (19/12).’


 


ABI EM CRISE
Izabela Vasconcelos


‘A ABI é da idade da pedra’, diz presidente do Conselho da entidade em SP,
18/12


‘‘O presidente da ABI tem absoluta incompetência de gestão’, afirmou Carlos
Marchi, presidente do Conselho Consultivo da ABI em almoço realizado nesta
quinta-feira, em São Paulo, em solidariedade à renuncia de Audálio Dantas, que
ocupava o cargo vice-presidente da ABI.


Marchi disse ainda que a ABI é ‘uma entidade da idade da pedra, que não se
moderniza, com uma visão provinciana’.


Outros jornalistas, membros da ABI, que também renunciaram, prestaram
solidariedade à decisão de Audálio, como Ricardo Kotscho, José Marques Melo,
Carlos Chaparro e Eduardo Ribeiro.


Audálio afirmou que o principal motivo da renúncia foi o autoritarismo de
Maurício Azêdo, presidente da entidade. ‘O autoritarismo é uma questão central
que, na maioria das vezes, passou por cima dos estatutos da entidade’.


O ex-vice-presidente citou as últimas eleições da ABI como um exemplo desse
autoritarismo. ‘Essa última eleição se deu de forma irregular, desrespeitando os
estatutos’, disse. ‘Nas mãos do atual presidente, o estatuto é letra morta’,
afirmou em sua carta de renúncia.


A decisão da renúncia vinha sendo discutida desde o 1º Salão do Jornalista
Escritor. De acordo com os membros do Conselho Consultivo, apesar dos
resultados, o evento não recebeu nenhum incentivo da ABI.


Sobre o autoritarismo apontado por Audálio, Azêdo disse ao Comunique-se que
houve liberdade, mas não houve iniciativa e capacidade de realização, por conta
dos encargos profissionais e acadêmicos dos membros do Conselho. Audálio rebateu
em resposta.’Isso não é verdade. Nós fizemos bastante, se não fizemos mais é
porque o autoritarismo e a burocracia impediram’.


Os membros do Conselho da ABI acreditam que a renúncia foi uma forma de
levantar a discussão sobre os problemas de gestão da entidade. ‘A melhor maneira
de preservar a instituição foi esta renúncia, para que se levante essa
discussão’, disse Carlos Chaparro, conselheiro da representação da ABI em São
Paulo.


A burocracia também foi apontada por Audálio como um dos motivos de sua
renúncia, mas para Marchi, a burocracia é contestável. ‘Não existe burocracia, o
que existe é malícia política’, afirmou.


Sobre a indicação de um novo diretor para ocupar a vice-presidência, os
membros do Conselho não têm previsão. Para Marchi, a indicação não deverá
acontecer tão cedo. ‘Vai demorar porque ele vai procurar um acólito dele’,
afirmou.


Ricardo Kotscho, conselheiro da ABI, falou da importância da entidade da ABI
no Brasil, mas enfatizou que hoje ela tem pouca representatividade. ‘A entidade
que tanto lutou pela democracia, hoje sofre da falta dela’, afirmou.


Procurado pelo Comunique-se, Maurício Azêdo não foi localizado.’


 


Audálio Dantas


Carta de renúncia, 18/12


‘O Comunique-se publica a carta de renúncia de Audálio Dantas, que deixa os
cargos de vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e de
presidente da representação da entidade em São Paulo por nao concordar com a
atual gestão na associação.


Ao


Jornalista Pery de Araújo Cotta


Presidente do Conselho Deliberativo da ABI


c.c. Jornalista Maurício Azêdo


Presidente da ABI


– Membros da Diretoria


– Membros do Conselho Deliberativo


– Membros do Conselho Consultivo


– Membros do Conselho Fiscal


– Membros do Conselho Consultivo da Representação em São Paulo.


Companheiros,


Profundas divergências em relação aos métodos empregados na administração da
Associação Brasileira de Imprensa, hoje quase totalmente submetida à vontade de
seu presidente, levam-me a apresentar minha renúncia aos cargos de
vice-presidente da entidade e de presidente de sua Representação em São
Paulo.


Essa decisão, tomada depois de várias discussões no âmbito do Conselho
Consultivo da Representação, deve-se à constatação de que o projeto que tínhamos
o propósito de realizar para fortalecer a presença da ABI em São Paulo tornou-se
inviável, não só pela inoperância da máquina burocrática instalada no Rio de
Janeiro, mas principalmente pela absurda concentração das decisões nas mãos do
presidente da Casa e de seus prepostos, alguns dos quais sequer são funcionários
da entidade.


Os problemas decorrentes dessa situação vêm comprometendo gravemente o
funcionamento da entidade, causando-lhe prejuízos de toda ordem. O mais grave,
porém, é que, submetida ao autoritarismo do atual presidente, a ABI está jogando
no lixo toda uma história de lutas que a transformaram numa trincheira da
democracia liberdade de informação e expressão e da defesa das grandes causas
nacionais.


O passado construído por figuras da dimensão de Barbosa Lima Sobrinho,
Herbert Moses e Prudente de Moraes, neto, hoje serve apenas como tema de
discursos empolados que ocultam a verdadeira situação da ABI.


Enquanto se repete o discurso libertário, em ocasiões festivas como as que
ocorreram durante as comemorações do centenário da ABI, pratica-se internamente
toda sorte de arbitrariedades. Nas mãos do atual presidente, o estatuto da ABI é
letra morta. As decisões de maior relevância são tomadas sem o conhecimento da
diretoria, mesmo porque não são realizadas as reuniões quinzenais determinadas
pelo estatuto. São tomadas, também, decisões absurdas. Recentemente, a logomarca
da ABI foi inserida em informe publicitário de entidades que congregam hotéis,
restaurantes, bares e similares, entre as quais a Apam – Associação Paulista de
Motéis -, condenando um projeto de lei que restringe os ‘direitos dos fumantes’
em locais públicos. No caso, juntamente com tais entidades, a ABI se manifesta
‘pela liberdade de escolha’.


O Conselho Deliberativo, órgão superior da administração da ABI, ao qual cabe
discutir e aprovar as propostas do colegiado diretivo, foi praticamente
transformado em instrumento homologatório das decisões tomadas pessoalmente pelo
presidente da ABI.


As reações a essa situação absurda são respondidas, em várias ocasiões, por
discursos agressivos e desrespeitosos pelo presidente. Conselheiros ou diretores
que ousam contrariá-lo são tratados como inimigos e, muitas vezes, destratados,
como ocorreu recentemente, quando a um deles foi dito, aos gritos, que ‘não
significa nada, não representa nada’.


Foram atitudes como esta que levaram a que nada menos de cinco diretores
tenham renunciado a seus cargos, como foi o caso da diretora administrativa Ana
Maria Costabile. Um funcionário admitido pela Presidência com poderes de
interventor ofendeu-a com palavras de baixo calão, diante de todo o pessoal da
Secretaria, chegando a ameaçá-la de agressão física. O caso terminou numa
delegacia de polícia.


As manifestações escritas, mesmo quando assumidas coletivamente, têm sido
simplesmente ignoradas. Foi o caso do documento assinado por oito dos onze
membros (três não estiveram presentes à reunião que discutiu e aprovou o texto)
do Conselho Consultivo da Representação de São Paulo, contendo críticas à
presidência da Casa, em virtude de decisões tomadas a respeito do 1º Salão
Nacional do Jornalista Escritor, em novembro do ano passado. Além de críticas, o
documento propunha medidas como uma forte campanha de filiação à ABI no estado
de São Paulo, com a aplicação de parte dos recursos financeiros obtidos pela
Representação para a realização do evento. Não era a primeira vez que se tentava
encontrar os meios necessários para a consolidação da Representação, tornando-a
capaz não apenas de atrair mais associados, mas de obter os recursos suficientes
para sua manutenção, sem depender de aportes da sede. Mas a proposta caiu no
vazio, como muitas outras.


Levado a reunião do Conselho Deliberativo pelo presidente da ABI, o documento
foi interpretado como manifesto ‘subversivo’, tentativa ‘separatista’ da
Representação de São Paulo. Numa atitude de total desrespeito aos integrantes do
Conselho Consultivo da Representação, ele nunca foi respondido. Esse conselho, é
importante frisar, é composto por figuras da mais alta representatividade de
diversas áreas do Jornalismo em São Paulo, além de representantes dos
estudantes, professores e dirigente de associação de jornais.


Da mesma maneira não obteve resposta o documento que eu, na condição de
vice-presidente da Casa, enviei ao Conselho Deliberativo em 17 de abril deste
ano, a respeito do processo eleitoral para renovação do terço de integrantes
deste órgão. O documento contém a grave afirmação, nunca contestada, de que a
eleição foi fraudada, uma vez que não foram respeitados prazos, constituição da
comissão eleitoral, inscrição de chapas e outras exigências do Regulamento
Eleitoral.


A discussão sobre o atropelamento do processo eleitoral pelo presidente da
ABI, na reunião ordinária do Conselho Deliberativo, no dia 15 de abril, teve
desfecho trágico: o conselheiro Arthur Cantalice, que usava da palavra para
criticar os métodos postos em prática pela direção da Casa para a realização da
eleição, caiu fulminado por um ataque cardíaco. Pouco se falou sobre esse
lamentável fato. E nada se disse sobre o documento por mim apresentado dois dias
depois, na continuação da reunião do Conselho. Na verdade, tentou-se escamotear
a sua existência. O documento só foi lido quando um grupo de conselheiros se
levantou e exigiu que isso fosse feito.


Em sua conclusão, o texto resume a própria situação da ABI: ‘Tudo isso (a
série de desmandos) constitui desrespeito não apenas a um regulamento, mas à
entidade que, em cem anos de história, contribuiu de maneira marcante para a
defesa da democracia, da liberdade de expressão e defesa dos direitos dos
cidadãos. E acrescenta que é uma contradição que, ‘enquanto vários setores da
sociedade que reconhecem na ABI uma trincheira da de democracia, um bastião da
liberdade, lhe prestam grandes homenagens, estejamos nós, seus diretores, a
discutir uma questão como esta do atropelamento de um processo eleitoral’.


Seria exaustivo citar outros exemplos de autoritarismo e desrespeito à
própria história da ABI. Mas o fato é que eles, hoje, fazem parte do cotidiano
da entidade. Convivi com essa situação, obviamente dela discordando, até o
limite da tolerância, atendendo a ponderações de companheiros da diretoria e do
Conselho Deliberativo. Minha renúncia, diziam, prejudicaria a imagem da ABI, que
estava para comemorar o seu centenário.


Chegou, porém, o momento em que continuar é impossível.


Convidado a participar da diretoria da Casa, num momento em que, esperava-se,
ela poderia ser fortalecida para retomar a sua quase secular trajetória de luta
democrática, aceitei o encargo com a mesma disposição com que participei dessa
mesma luta, em outras frentes.


Minha história é conhecida. Jamais me calei na luta contra a injustiça e o
arbítrio.


Não tenho o direito de silenciar diante do autoritarismo que hoje domina a
ABI. Espero que a minha renúncia, em caráter irrevogável, possa contribuir para
que diretores, conselheiros e associados da mais importante instituição de
imprensa do País reflitam e tomem decisões que a reconduzam ao seu destino
histórico, que é o da defesa da liberdade.


São Paulo, 15 de dezembro de 2008.


Audálio Dantas’


 


JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu


O dia em que o tira-gosto foi um grito, 18/12


‘Mentiram-me. Mentiram-me ontem


e hoje mentem novamente. Mentem


de corpo e alma, completamente.


E mentem de maneira tão pungente


que acho que mentem sinceramente.


(Affonso Romano de Sant’Anna in A implosão da mentira)


O dia em que o tira-gosto foi um grito


Manchete da Folha Online:



Oito em cada dez brasileiros nunca ouviram falar do AI-5


Como era sábado, 13/12, dia de razoável folga aqui no sítio, Janistraquis
abandonou o computador e saiu para tomar uma cachaça acompanhado do
colunista.


‘Considerado, o tira-gosto vai ser um grito’, avisou ele.


Então, entornamos uma garrafa inteira, presente do José Alberto da Fonseca, e
a cada gole gritávamos ao vento:


‘C………………ARAAAAALHOOOOO!!!!’


Oito em cada dez brasileiros nunca ouviram falar do AI-5. O
presidente-preferência-nacional tem razão: só bebendo, e bebendo muito, é
possível suportar o país de m… em que vivemos.


******


A Implosão da mentira


Leia aqui a íntegra do excepcional e histórico poema cujo excerto encima a
coluna. Se ninguém lhe revelasse o ano da luz (1980), muitos o teriam por
composto hoje de manhã. ‘Não se chega à verdade pela mentira, nem à democracia
pela ditadura’, diz outro de seus versos.


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Causa mortis


Janistraquis, que de vez em quando dá uma olhada em A Favorita, me avisou lá
do escritório:


‘Considerado, o Instituto Médico Legal acaba de divulgar o laudo cadavérico
do Doutor Gonçalo! Tá escrito aqui: causa mortis, burrice.’


O patriarca da família Fontini fora, aparentemente, vítima das artes de
Flora, a vilã-super-hiper da novela; porém, se o IML diz que o homem morreu de
burrice não somos nós que vamos contrariar os legistas


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Coronel Lula


Veterano e honesto político nordestino (os há, os há), amigo do colunista há
mais de 40 anos, escreve para dizer que, com os mais de 80% de aprovação
naquelas bandas, o presidente já pode, pelo menos moralmente, fazer parte
daquelas oligarquias que criaram a Guarda Nacional e se transformar,
definitivamente, em Coronel Lula, senhor do mais vasto curral eleitoral da
história política do Brasil.


Falou-se em coronel e Janistraquis recordou imediatamente o mais famoso
deles, Chico Heráclio do Rêgo, de Limoeiro, sertão de Pernambuco. Na orelha do
excelente livro escrito pelo sobrinho-neto do coronel, André Heráclio do Rêgo,
intitulado Família e Coronelismo no Brasil e editado pela Girafa, escreveu o
jornalista, poeta e romancista José Nêumanne Pinto:


Um dos clássicos do folclore político nacional selecionado pelo jornalista
baiano Sebastião Nery é o causo, segundo ele verídico, protagonizado pelo
coronel Chico Heráclio do Rêgo, de Limoeiro, interior de Pernambuco. À época do
episódio, votava-se em cédulas impressas postas pelo eleitor num envelope que,
lacrado e assinado pelos mesários, este depositava na urna.


O coronel em questão reuniu seus moradores, mandou que ficassem em fila
indiana e lhes entregou, um a um os envelopes lacrados com as cédulas dos
candidatos sufragados. Aí era só ir à seção eleitoral, pegar as assinaturas dos
mesários e votar.


Votar? Pois é! Um cabra mais ousado resolveu perguntar: ‘O senhor pode me
dizer pelo menos em quem eu vou votar, coronel?’ A resposta foi ríspida e
rápida: ‘Então, cabra ignorante, tu não sabes que o voto é secreto?’


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Nahum Sirotsky


O considerado Camilo Viana, um dos mais antigos e queridos amigos de Nahum
Sirotsky, criador daquela fantástica Senhor do início dos anos 60, envia perfil
desse jornalista histórico, publicado na revista Imprensa. À mensagem com a
matéria anexada, Camilo acrescentou esta frase: ‘Conheces Nahum? És um
privilegiado.’


O colunista é um dos privilegiados, pois também cultiva a amizade de Nahum há
mais de 40 anos e com ele teve a honra de trabalhar no Jornal do Brasil. Leia
aqui a íntegra do texto que revela aos jovens um extraordinário profissional,
desses que não existem mais.


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Excesso, não!


Sob o título Livre escolha — Para chefe do MP-SP, promotor pode usar arma
que quiser, Janistraquis leu no indispensável Consultor Jurídico:


(…) figura como réu o promotor Pedro Baracat Guimarães Pereira, acusado de
matar com 10 tiros o motoqueiro Firmino Barbosa. Os disparos saíram de uma
pistola calibre 9 milímetros, de uso restrito. Segundo Pereira, em legítima
defesa. Grella denunciou Baracat apenas por excesso de legítima defesa, e não
por porte de arma de uso restrito.


Fiquei impressionado com o tal ‘excesso de legítima defesa’, pois sempre
pensei que fosse impossível medir-se uma reação instantânea e involuntária,
porém meu assistente interpretou a curiosa expressão:


‘Considerado, excesso de legítima defesa só acontece quando, ao reagir a uma
agressão, você dá 10 tiros na cara do agressor que merecia simplesmente um
pontapé na bunda.’


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Ceilândia


O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de
cujo varandão debruçado sobre o aperreamento é inevitável escutar ecos dos
sempre insuportáveis discursos do presidente-preferência-nacional, pois Roldão
encarou o computador e escreveu esta mensagem à direção do Correio
Braziliense:


A legenda da foto do ‘ISTO É BRASÍLIA’ deste domingo explica a origem do nome
Ceilândia e diz que o sufixo ‘land’ é de origem norte-americana. Gostaria de
lembrar que a língua dos EUA é o inglês e, portanto, o sufixo é de origem
inglesa.


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Sapataria


O considerado José Truda Júnior, que gastou muitos solados nessa caminhada
pela vida afora, pondera os últimos acontecimentos internacionais e despacha de
seu minarete de Santa Teresa:


É de doer o jeito com que as autoridades tratam os jornalistas credenciados a
entrevistar presidentes americanos em visita-surpresa ao Iraque. O jornalista
Muntadhar al-Zeidi, que teve um braço quebrado, levou uma coronhada na nuca e
quase ficou caolho que o diga. Mas a pergunta que não quer calar é:


– Quem ficou com os sapatos voadores?


A essa altura, cada pé deve valer mais do que uma sapataria inteira!


Segundo informa Janistraquis, já apareceu um xeique para oferecer dez milhões
de dólares pelos famosos mocassins. É muito mais do que uma sapataria
inteira.


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Período fértil


Estimulante chamadinha na capa do UOL:


Mulheres em período fértil são mais propensas a dar o telefone


Janistraquis leu, pensou um pouco e ejaculou:


‘Engraçado, considerado, sempre pensei que as mulheres em período fértil
dessem outra coisa…’


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Joaquins


Deu no Erramos da Folha de S. Paulo:


OPINIÃO (8.DEZ, PÁG. A3) O nome completo do escritor Machado de Assis é
Joaquim Maria Machado de Assis, e não Joaquim Aurélio Machado de Assis, como
estava no artigo ‘Machado, cultura e política’.


Recordei logo aquele erramos de Janistraquis, no tempo em que era editor de
jornal em Caruaru:


‘Joaquim José da Silva Xavier não é o Duque de Caxias.’


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Desgraça Para Todos


Por força de ignorância tsunâmica, somente agora, no aniversário de 40 anos
daquele lixo que se abateu sobre a nação, o colunista ficou sabendo que existe
em Brasília uma ponte chamada Costa e Silva; estranhei a ‘homenagem’ àquela
alimária, porém Janistraquis achou-a normal e justa:


‘Considerado, não se pode esquecer que Costa e Silva construiu a ponte entre
a falsa democracia de Castelo Branco e a ditadura explícita que se seguiu, à
qual devemos o prelúdio do golberismo acadêmico e do lulismo de curso
primário.’


Diante disso, cheguei à conclusão de que uma ponte é muito pouco, é quase
nada diante da formidável sucessão de desgraças.


******


Nota dez


O considerado Mestre Mauro Santayana escreveu no Jornal do Brasil:


Para muitos dos que vivem no resto do país, a Amazônia parece tão distante
quanto os desertos africanos. Os brasileiros de modo geral não recebem
informações suficientes sobre a região. Para o Brasil é uma questão de honra a
plena soberania sobre a totalidade de seu território.


(…) Os madeireiros e garimpeiros, muitos associados a espertíssimos índios
e a compradores estrangeiros, hoje devastam a floresta e poluem suas águas. As
organizações não-governamentais, quando não se encontram diretamente
subordinadas aos financiadores estrangeiros, quase sempre são grupos de
parasitas, que vivem de dinheiro público. Neste mesmo espaço comentamos, há
alguns meses, que só os índios da Amazônia despertam os corações e mentes dessas
ONGs: os indígenas de Mato Grosso do Sul, quando não se suicidam, morrem de
doenças banais e de desnutrição, sem que esses abnegados filantropos ali
apareçam.


Leia no Blogstraquis a íntegra do artigo que aponta e ilumina o caminho das
pedras.


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Errei, sim!


FUNDO PERDIDO — Deu no jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte, debaixo do
título Estado repassa verbas para assentar famílias: ‘(…) Não foi estipulado
pela prefeitura de Neves o prazo para assentamento


definitivo das famílias. O prefeito informou que viaja hoje para Brasília em
busca de um fundo perdido no Ministério da Ação Social, verba que, se
encontrada, será usada para compra de material’.


Segundo meu secretário Janistraquis, recém-promovido a assistente, hoje em
dia não se faz jornalismo como dantes, quando qualquer repórter sabia que uma
verba a fundo perdido não está, obrigatoriamente, escondida, esquecida,
abandonada. (janeiro de 1995)


Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067
– CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.


(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e
torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora,
Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E
foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo.
Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a
seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’


 


MERCADO DE TRABALHO
Eduardo Ribeiro


Demissões no Correio acendem luz amarela, 17/12


‘Poucos dias depois de pagar a primeira parcela do 14º salário a todos os
seus funcionários, em decorrência dos bons resultados obtidos em 2008, o Correio
Braziliense anunciou, às vésperas praticamente do Natal, um expressivo corte de
pessoal na empresa. A empresa decidiu fechar 20 vagas que permaneciam abertas e
demitir outras 61 pessoas, de todas as áreas da empresa. Na redação o estrago
teve o tamanho de 11 vagas, sendo que oito delas estavam ocupadas. Saíram, entre
outros, Pedro Paulo Rezende, repórter de Mundo, que estava havia 11 anos no
jornal; Carlos Tavares e Lívia Nascimento, respectivamente, subeditor e repórter
de Cidades; Dalila Góes, da Revista do Correio; Tomás Pires, do CB Online; e o
fotógrafo Edson Gê.


De nada adiantaram, ao menos até agora, as gestões do Sindicato dos
Jornalistas do Distrito Federal com o objetivo de abortar a decisão, pois a
empresa já mandou dizer que ela é definitiva e nem quer conversar sobre o
assunto. A alegação é que o panorama econômico sofreu uma grande reviravolta
nesses últimos meses, levando a empresa a atuar, como sua direção afirmou,
preventivamente.


Em declaração que deu ao Sindicato dos Jornalistas do DF, o diretor de
Redação, Josemar Gimenez, afirmou que a medida se deve a três fatores
econômicos: variação cambial, alta no preço do papel jornal e queda no
faturamento. ‘Essas medidas foram preventivas, tendo em vista os reflexos da
crise financeira em 2009’, chegou a afirmar.


A combinação de fatores como a elevação do preço do papel, motivada por
reajustes reais e mais a valorização do dólar, e o encolhimento de publicidade,
fez efetivamente com que acendesse nas empresas jornalísticas o sinal amarelo.


Não dá para se falar ainda em efeito cascata, até porque as empresas
jornalísticas vêm efetivamente de um ano muito bom e a publicidade, embora tenha
oscilado, tem reagido ou poderão reagir com as várias medidas anunciadas pelo
governo, como aconteceu, por exemplo, recentemente, na questão da redução do IPI
para os automóveis, que impulsionou as vendas, via, sobretudo, campanhas
publicitárias, inclusive na mídia impressa.


Por enquanto, as demissões no Correio Braziliense são um fato isolado. Houve
recentemente também um episódio de demissão na CBM, de Nelson Tanure, que
atingiu tanto a Editora Peixes quanto a Gazeta Mercantil, mas ali o pretexto não
foi a crise e sim a necessidade que a empresa viu de cortar custos e fazer
ajustes que lhe permitissem ganhar musculatura nas chamadas áreas de
negócios.


É bom ficarmos atentos, pois, ao dia-a-dia do País, observando fatores como
os caminhões nas ruas, as edições dominicais dos principais jornais do País, o
tamanho dos intervalos de publicidade no horário nobre da televisão, para sentir
a real pulsação da economia brasileira.


(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado
e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na
comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o
livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra
o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação
e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo
Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil
Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de
Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’


 


INTERNET
Bruno Rodrigues


Essa tal de ‘navegação intuitiva’, 16/12


‘Era uma vez um grande recipiente de informação denominado ‘portal’. Eldorado
da web, o ‘portal’ era a via de entrada para um mundo de notícias,
entretenimento, comércio e novos contatos. Ele havia nascido para reinventar a
Rede, para ser sua mais perfeita definição, um pequeno grande exemplo do que a
internet era capaz de oferecer. Lá, grupos e grupos de internautas, sempre fiéis
à morada escolhida, sempre se encontrariam para comprar, bater papo, ler o
jornal do dia – viver, enfim. Era o ápice do mundo virtual, a felicidade eterna
dos empreendedore$ da web, tudo o que eu e você jamais poderíamos ter
sonhado.


Não deu certo? Claro que sim! E aí começa o problema.


Os portais passaram a dominar a Rede, e seu conteúdo passou de grande a
imenso, enquanto a competição de conteúdo ficava cada vez mais acirrada. Era
preciso oferecer tudo o que o internauta/cliente pudesse vir a necessitar, e daí
para boa parte dos portais transformarem-se em descomunais buracos negros foi um
pulo.


Ainda que uma miscelânea, nasceu aí o conceito de conteúdo global, a idéia de
que todo o conteúdo informativo de um site deve ter alguma ligação entre si, por
mais que os sites de um mesmo portal abordem temas totalmente diferentes, e
ainda que esta interseção venha a ser sutil.


Mas é um desafio e tanto. O portal é hoje o maior desafio da internet, o
grande abacaxi a ser descascado. Realizar o trabalho de achar semelhanças entre
alhos e bugalhos consome neurônios e muito, muito tempo.


Muitos são os que tentam solucionar esta difícil equação, mas outros
conseguem cometem erros crassos. E há dois problemas sérios, complicados de
serem resolvidos, e que vale a pena citar:


— Navegação intuitiva


Então fica combinado assim: fulano cria um portal de três mil páginas, com
sessenta camadas de informação, quarenta e oito sites verticais, e cria dois ou
três menus da primeira página com itens como ‘Revistas’, ‘Lojas’ ou
‘Comunidades’.


Como o internauta vai enxergar todo este conteúdo? ‘Simples’, explica o
criador do portal. ‘É navegação intuitiva, o internauta sente, ou percebe por
associação o que vem adiante’.


Só um detalhezinho: navegação intuitiva existe, sim, mas é bom não confundir
com navegação ‘paranormal’, em que o internauta precisa ser tomado por um
espírito e enxergar o que há adiante, em meio aquele emaranhado de informações.
Mas é fácil falar – difícil é tornar atraente tanta informação.


Como resolver? Existem tratamentos interessantes, como o que sugere que, por
exemplo, ao invés de pôr em um menu apenas o título de uma revista, você o
substitua pelo título e o slogan da publicação, que apresentará o conteúdo à
frente. Não dói e faz uma diferença e tanto.


— Linguagem universal


O.K., a partir do momento em que você clicou em alguns dos sites oferecidos
por um portal, estamos em casa. Espera-se que lá todos falem a sua língua, que
seu dialeto seja a moeda corrente. Mas, e na primeira página de um portal, como
chamar a atenção para tanto conteúdo diferente? Atenção: não estou falando de
atrair o chamado known-item user, aquele que já conhece onde é seu canto, mas
sim do internauta que deseja encontrar sua tribo.


Como resolver este problema? O antídoto atende pelo nome de personagem, e é
um velho conhecido seu. Isso mesmo, é aquele monstro fofinho que chama a atenção
de todo mundo na televisão, que tem o poder de seduzir da primeira à terceira
idade.


Soa infantil? Pois é, tenha cuidado: ao criar um personagem para seu site,
passe ao largo do infantil, mas aposte no lúdico – é ele que é capaz de
unificar, ainda que por um instante, toda a idéia do portal. E utilize-o quando
preciso (e se for possível) em cada um dos sites verticais, como um guia de
turismo ou um tira-dúvidas. Funciona.


******


A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’
acontece em fevereiro no Rio. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da
redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica!
As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras
informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 … (ramal 4).


******


1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no
http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.


2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em
twitter.com/brunorodrigues.


(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo
online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua
continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra
treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior.
Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para
a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é
citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas
uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’


 


MÍDIA & PESQUISAS
Milton Coelho da Graça


Leitura de pesquisa, esporte complicado, 15/12


‘A mesma pesquisa – CNI-IBOPE- indica que 49% dos brasileiros consideram a
crise econômico-financeira muito grave e 35% muito grave. Numa outra pergunta,
44% afirmam que o Brasil está mais bem preparado do que em crises anteriores e,
para 28%, está preparado como antes. Desses números deduzo uma filosofia bem
brasileira, do tipo ‘a coisa tá braba mas vamos tirar de letra’. Será isso
mesmo?


Já a pesquisa sobre o AI-5 doeu fundo. Se 82% dos brasileiros nunca ouviram
falar do AI-5 e mais 6% não sabem o que isso quer dizer, acho que precisamos nos
preocupar. Nossa imprensa fez um belo serviço ao recontar e explicar os mais
importantes episódios. Agora é torcer por uma melhoria desses números, não
ficando apenas nos 12% de boa memória. Povo que não conhece sua história é
condenado a repetir erros do passado.


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Receita despenca no Miami Herald


Resultados em novembro (em comparação com novembro de 2007) do grupo
McClatchy, já enfrentando grandes dificuldades. O grupo tem 30 jornais diários
nos Estados Unidos, encabeçados pelo Miami Herald:


Receita total: -19,4%; Publicidade: -22,4%; Classificados: – 42% Circulação:
– 2%.


Maiores quedas nos classificados: Autos – 43%, imóveis -46%, emprego –
59%.


Só uma área do jornal apresentou resultado positivo: anúncios online +
10%.


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Liberdade ajudará muito a causa da paz


Graças ao portal UOL e sua ótima seção sobre jornais de todo o mundo, ficamos
sabendo que o rei da Jordânia, Abdullah, garantiu a todos os editores-chefes dos
jornais de seu país: ‘Está proibida a detenção de jornalistas. Não vejo motivo
para deter um jornalista porque ele ou ela escreveu algo ou expressou uma
opinião.’


Parece pouco, mas vindo de um monarca absoluto árabe, e de um país onde mais
de 20 leis, inclusive o Código Penal, estabelecem multas e cadeia para
jornalistas por revelações ou opiniões que desagradem qualquer um(a) da corte
real ou de qualquer poder civil, é um baita avanço.


A dinastia da Jordânia, um país sem história, inventado pelos britânicos, é,
para todos os efeitos práticos, vassala das potências ocidentais. Hussein,
antecessor de Abdullah, uniu-se a outros países árabes na guerra de 1967 contra
Israel. O exército jordaniano, ao fugir em desabalada retirada das tropas
israelenses, tiveram o cuidado de deixar intactos e bem cuidados os arquivos
policiais sobre os movimentos palestinos de resistência. Preciso dizer que os
palestinos têm mais ódio à família real jordaniana do que aos dirigentes de
Israel?


A liberdade de imprensa na Jordânia, se for mesmo para valer, terá enorme
importância para a paz e o futuro de todo o Oriente Médio


(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O
Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e
Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste
Comunique-se.’


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