Há uma década, os jornais Dallas Morning News e Fort Worth Star-Telegram disputavam acirradamente os leitores na crescente cidade de Arlington, no Texas, gastando milhões de dólares para ampliar suas equipes e expandir a cobertura. Por isso, veio com surpresa a notícia, no fim do ano passado, de que os dois diários começariam a compartilhar fotos e críticas musicais.
O caso, entretanto, não é isolado. Outros jornais americanos, na tentativa de compensar o corte de funcionários e o fechamento de sucursais, passaram a unir forças com antigos rivais. ‘Com os leitores e os anunciantes migrando para a internet e a economia cambaleante, as organizações de notícias estão redefinindo o significado de ‘competição’’, afirma Anick Jesdanun, da Associated Press [4/1/09].
Nos últimos meses, os três maiores jornais do Sul da Flórida fecharam parceria. Cinco publicações no Maine e oito em Ohio passaram a compartilhar os processos de apuração e produção. As emissoras Fox e NBC planejam dividir vídeos, e o Washington Post e o Sun, de Baltimore, anunciaram o início de um plano de ‘colaboração’ sobre a cobertura da região de Maryland.
Esforço conjunto
‘Seria uma situação ideal, em um mundo perfeito, ter quatro ou cinco jornais diários cobrindo, cada um, as mesmas audiências públicas, e então comparando as matérias e provavelmente descobrindo coisas novas em cada uma delas’, diz Mark Woodward, editor-executivo do Bangor Daily News, um dos jornais que se uniram no Maine. Como a situação não é ideal e o mundo não é perfeito, a cooperação entre os veículos de comunicação, em um momento de crise, ‘é uma concessão necessária para conservar os recursos e continuar a servir ao público’, lembra Woodward.
Muitas das parcerias entre os jornais envolvem a cobertura de eventos de rotina, como coletivas de imprensa, e outros temas combinados a priori. As publicações dão os devidos créditos pelas informações usadas e não há troca de dinheiro. Em alguns casos, o acordo se restringe à cobertura online e os jornais concordam, informalmente, em não publicar determinados textos dos outros.
‘Há uma década, o mundo era diferente’, afirma Gary Wortel, publisher do Fort Worth. ‘Não nos vejo mais como concorrentes. Nossa competição, hoje, é com a fragmentação midiática no resto do país e internacionalmente’. Para Rex Rhoades, editor-executivo do Sun Journal, do Maine, o compartilhamento de informações e recursos é apenas mais um esforço para a sobrevivência dos jornais. ‘Os jornais enfrentam muitas ameaças de todos os lados. Isso não vai resolver todas elas. Mas tentamos fazer algo onde podemos ter alguma pequena diferença’.