Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Editor crítico ao governo morto a tiros

O jornalista Lasantha Wickramatunga, editor do jornal Sunday Leader, foi morto a tiros na manhã de quinta-feira (8/1) quando seguia para o trabalho, próximo à capital do Sri Lanka, Colombo. Imagens do carro do jornalista mostram buracos de balas no pára-brisa e sangue espalhado pelo banco. Wickramatunga foi levado com vida para o hospital, onde passou por três horas de cirurgia, mas morreu por causa dos ferimentos na cabeça.


O editor, um dos mais conhecidos jornalistas do país, havia recebido ameaças recentemente; em 2007, a planta gráfica do Sunday Leader foi atacada. Wickramatunga costumava criticar a administração do presidente Mahinda Rajapaksa, e já havia publicado matérias com acusação de corrupção governamental. O maior desacordo do editor com o governo era com relação à guerra com os Tigres Tâmeis, grupo rebelde que há 25 anos luta por independência.


O jornalista questionava o custo da guerra para o país, afirmando que muitos homens e muitos recursos eram destinados a combater os rebeldes. Ele alegava que a corrupção havia se tornado uma doença no Ministério da Defesa e dizia que ‘esquadrões da morte’ andavam soltos pela capital, com permissão para matar dissidentes ao governo. Gotabhaya Rajapaksa, secretário de Defesa e irmão do presidente, processa o jornal pelas acusações.


Profissão perigo


A situação dos jornalistas em Colombo é vista como perigosa. No início desta semana, homens armados invadiram uma estação de TV privada – acusada pela mídia estatal de falta de patriotismo na cobertura da guerra – e destruíram boa parte dos equipamentos. Aparentemente, este e outros ataques seguem impunes.


Segundo Jehan Perera, do Conselho Nacional de Paz do Sri Lanka, Wickramatunga era um incômodo para as autoridades e era visto como aliado político da oposição. ‘Estas características custaram sua vida’, diz. ‘A cultura da impunidade [para a morte de jornalistas] já existia no Sri Lanka, mas aumentou nos últimos anos. Os assassinatos ocorrem, mas os assassinos nunca são pegos’.


O gabinete da presidência divulgou um comunicado condenando o assassinato do editor. ‘O senhor Wickramatunga era um amigo próximo, conhecido há muitos anos como um jornalista de coragem’, dizia a declaração. O governo sugeriu a participação dos rebeldes no crime. Informações de Randeep Ramesh [Guardian.co.uk, 8/1/09].