Este trabalho científico apresenta uma análise de 15 edições do jornal online Tribuna da Bahia, no período de 1 de agosto a 15 de agosto de 2009. O artigo em questão tem por objetivo fazer uma análise sobre a cobertura do veículo durante o processo de ruptura do PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) com o governo baiano e também a nova composição da base aliado do governador da Bahia Jaques Wagner. O trabalho é embasado na obra de Michel Foucault, como A Ordem do Discurso; de Valter A. Rodrigues, como Poder e [im]potencia da mídia: a alegria dos homens tristes; Wilson Gomes Paulus, como Transformações da política na era da comunicação de massa; e também no texto de Juliana Gutmann – Quadros Narrativos Pautados pela mídia: Framing como segundo nível de agenda-setting. A metodologia empregado dividiu-se entr a analise das 15 edições do jornal on-line, em um total de 18 matérias e nas leituras dos autores acima para o embasamento teórico. Espera-se, com o artigo, contribuir com novos estudos sobre a atuação dos meios de comunicação na política baiana.
Palavras-chave: Jornal, PMDB, PT, Tribuna da Bahia, Bahia, governo da Bahia
Introdução
O conceito de enquadramento, discutido por Juliana Gutmann em seu artigo ‘Quadros Narrativos Pautados pela mídia: Framing como segundo nível de agenda-setting’ é ponto inicial para a análise feita em 15 edições do jornal online Tribuna da Bahia sobre o período de ruptura do PMDB com o PT no cenário estadual. Em seu artigo, a autora traz uma citação de Iyengar, a partir de Shen, abordando que o enquadramento pode moldar, afeiçoar a opinião pública e suas interpretações através da seleção e das ênfases dadas a algumas informações.
O jornal Tribuna da Bahia acompanhou todo o processo de separação dos antigos aliados e a priori se posicionou neutro. Mas, durante o processo percebe-se uma afinidade do jornal em relação ao governo baiano.
O Partido dos Trabalhadores (PT) e o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) se uniram em 2006, com o propósito de derrotar a chapa do Partido da Frente Liberal (PFL) – atual Democratas – encabeçada pelo governador e candidato a reeleição Paulo Souto, que governou o estado durante 16 anos.
Esta aliança durou três anos. Ela começou a enfraquecer depois do embate nas eleições de 2008 em que o PT lançou candidatura própria e não apoiou o prefeito João Henrique (PMDB). A partir daí, a relação entre os dois partidos começou a decair, até a sua ruptura.
Por fim, este trabalhos traz uma análise sobre o papel dos meios de comunicação de massa com formadora de opinião publica, através de um enquadramento denominado jornalismo de espetáculo. Com este enquadramento, o veículo pode se posicionar inteiramente a favor ou contra uma determinada situação, em prol de seus interesses.
Primeiros sinais de ruptura
Foi feita uma análise em 15 edições do jornal online Tribuna da Bahia (www.tribunadabahia.com.br), em um período de 1 de agosto à 15 de agosto de 2009, das quais quatro falam sobre o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), sete sobre o PT (Partido dos Trabalhadores), três sobre a ruptura do PMDB com o PT e 4 sobre os novos aliados do governo Wagner.
A análise feita através das reportagens do jornal Tribuna da Bahia demonstra que o diário não se colocou, ‘às claras’ de imediato, a favor de um partido ou outro. Mas no discorrer das matérias, o PT tem mais espaço que os pemedebistas.
A matéria publicada no dia 1 de agosto de 2009, intitulada ‘PT diz que PMDB hostiliza Lula’, apresenta um foco através de uma única fonte, que é o presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo. Neste contexto, o jornal dá a voz ao petista que diz ser inadmissível um partido que compõe a base aliada nacional e estadual construir uma tática eleitoral que favoreça a oposição.
‘Agora trata-se uma eleição nacional, com repercussão internacional, onde o que está em jogo é o nosso projeto de nação soberana, e os estados assumem um papel fundamental, como a Bahia, que está umbilicalmente vinculada a essa disputa, assumindo importância estratégica’ (Tribuna da Bahia, 01-08-2009).
Nesta mesma matéria o jornal ainda cita os feitos realizados pela administração do governador Jaques Wagner, em cidades do interior do estado, citando os programas, como ‘Luz para todos’, ‘Água para todos’ dentre outros. Cita ainda as viagens de vistoria do governador para ver o andamento das obras do seu governo.
A partir de hoje pela manhã, centenas de moradores do município de Rafael Jambeiro (a 217 km de Salvador) vão enxergar a noite sem o candeeiro e beber água sem caminhar com a cuia na cabeça. Às 10 horas, o governador Jaques Wagner inaugura juntamente com a população 236 ligações domiciliares realizadas pelo Programa Luz para Todos e mais uma obra do Programa Água para Todos, além de entregar uma ambulância no valor de R$ 55 mil para a prefeita Cibele Carvalho, representando os moradores do município ((Tribuna da Bahia, 2009).
Nesta matéria não há a participação de integrantes do PMDB. O fato de não dar outras vozes, outras fontes a uma matéria pode trazer impactos na interpretação do público em relação ao acontecido. Juliana Gutmann (2006) apresenta este tipo de enquadramento, provocado pelos meios de comunicação para desdobrar um fato. Em ‘Quadros Narrativos Pautados pela mídia: Framing como segundo nível de agenda-setting’, ela traz uma provocação sobre os diversos tipos de enquadramento que um meio de comunicação pode fazer.
É importante destacar duas formas diferentes de utilização da metáfora: o framing da mídia, que se refere aos enfoques apresentados pelos veículos de comunicação para um determinado tema, e o framing da audiência, que se relaciona ao modo como o público vai enquadrar certos assuntos a partir do que é oferecido pelos meios. (p.30)
No dia 3 de agosto o jornal online faz uma matéria que tem como título ‘Geddel: estou pronto para governar a Bahia’. Dessa vez, o Tribuna da Bahia enaltece o Geddel Veira Lima – do PMDB. O jornal informa que o ministro foi recebido como o novo governador da Bahia, em viagem que fez ao município de Irecê, e que a cada lugar que ele percorre vê o projeto de governo mais forte.
A matéria utiliza inúmeras metáforas usadas pelo ministro para mostrar que ele é um homem trabalhador. É uma matéria em que somente se tem a voz de uma única fonte, no caso o ministro da Integração Nacional.
‘Sou um obreiro, acordo cedo, não tenho hora para dormir para fazer sair do papel as obras que interessam a Bahia. Não vou voltar atrás. O que está sendo implantado na Bahia não é o que sonhei. Por isso, estou pronto para assumir o desafio de governar a Bahia’ ((Tribuna da Bahia, 03-08-2009).
Mais uma vez, é apresentado nesta segunda matéria, um enquadramento em que apenas um lado é enaltecido. É um tipo de enquadramento, como Gutmann diz em seu artigo, relacionado à maneira como o público vai interpretar o assunto que está sendo abordado. O público, no entanto, passa a acumular informações de um partido e do outro sem haver, por meio do veículo, um aprofundamento do real motivo da provável separação, tendo em vista que Geddel Vieira Lima ajudou na eleição do governo Wagner e por um longo período fez parte da base aliada.
Porém, no geral, durante o período analisado, o jornal dispõe de mais matérias sobre o Partido dos Trabalhadores na Bahia e consequentemente o Governo Wagner, do que sobre o PMDB. No geral, são sete reportagens contra quatro.
Em uma das poucas reportagens em que o jornal coloca duas vozes, no caso representantes do PMDB e PT, tem uma evidente inclinação em relação ao atual governo do estado. Na reportagem intitulada ‘Jonas: Geddel reedita política velha’, da jornalista Odília Martins, de 10 de agosto de 2009, o PT, na figura do seu presidente Jonas Paulo, ‘ataca’ ferozmente o ministro. ‘Geddel não é novidade, em uma tentativa de reedição de uma política velha, que é conhecida, ultrapassada e rejeitada pelo eleitor. É inclusive uma tentativa piorada’ ((Tribuna da Bahia, 2009).
O jornal ainda coloca, na íntegra, palavras de Jonas Paulo que enaltece o partido e o governo.
‘Nós somos um partido nacional e não de poder unipessoal, que tem uma família como dono, no comando. Somos o que o Brasil quer, temos um projeto único, não temos dois projetos. A nossa forma de governar é a de agir. Nós temos valores. Prezamos pela ampla participação democrática, pela liberdade, políticas sociais que atendam ao negros, às mulheres, aos homossexuais. A Bahia não quer voltar aos velhos tempos de governo, mesmo que com uma nova roupagem’ ((Tribuna da Bahia, 10-08-2009).
Por outro lado, o jornal concede a Geddel Vieira Lima o direito de se expressar, mas coloca seu testemunho como ironia. O ministro ao falar sobre as pesquisas de intenção de voto em que o governador Jaques Wagner ocupa a primeira posição, diz que o PMDB se torna maior, já que fez parte do governo o que não aconteceu quando o PT saiu da base aliada do prefeito João Henrique, nas eleições municipais de 2008. ‘Com ‘muita humildade’, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima, disse que sai na frente, pela pesquisa do governador, gesto que engrandece o PMDB […]’ ((Tribuna da Bahia, 2009)
A metáfora do framing foi utilizada inicialmente em 1974 pelo sociólogo Erving Goffman para caracterizar como os indivíduos compreendem e respondem às situações sociais a partir do modo com que organizam a vida cotidiana. Goffman descreveu tal processo como esquemas interpretativos que fazem o público localizar, perceber, identificar e etiquetar os acontecimentos e informações (GAMSON, 1985, p. 615 apud GUTMANN, 2006, p.32)
‘Todo mundo valente’
As três reportagens que abordam a ruptura do PMDB com o governo do estado não demonstra inclinação por nenhum dos partidos. O jornal dá espaço a ambas as legendas, reportando os argumentos que levaram à separação política.
Na reportagem ‘Geddel sela candidatura e Wagner reage’, de 7 de agosto de 2009, da jornalista Fernanda Chagas, o diário online aborda a ruptura do PMDB e a saída dos secretários de Infraestrutura – Batista Neves – e da Indústria e Comércio, Rafael Amoedo.
A matéria se transforma em um verdadeiro clube de luta entre Jaques Wagner e o ministro. A reportagem informa que Geddel Vieira Lima tinha tentado uma audiência com o governador do estado para entregar os mais de cem cargos ocupados pela legenda, mas o fato não foi consumado. O jornal, por sua vez, traz uma declaração do governador: ‘Não contratei por lote e não reconheço partido político como agência de terceirização de mão-de-obra’ (Tribuna da Bahia, 2009).
O governador ainda cita que durante os dezesseis anos em que o PFL (atual Democratas) governou a Bahia, ninguém tinha coragem de ir ao embate. ‘Agora todo mundo virou valente’ (Tribuna da Bahia, 2009)
O ministro Geddel Vieira Lima ganha espaço na reportagem rebatendo as argüições do chefe do Executivo Estadual.
Os telefonemas que fiz ao governador pedindo encontros com ele sustentavam-se na idéia de que se tratava de um democrata irredutível. Há um ano, aproximadamente, pus os cargos do PMDB à sua disposição, numa atitude aparentemente óbvia, mas que tem como importancia afirmar uma vontade política do meu partido. Se ele não exerceu a autoridade de governador, o problema é dele’ (Tribuna da Bahia, 07-08-2009).
Em uma outra reportagem que trata da ruptura, intitulada ‘O dia seguinte ao rompimento. Wagner se diz leve e o PMDB vai a oposição,’ de 8 do agosto de 2009, o Tribuna da Bahia concede mais espaço ao PT que ao PMDB. São três intertítulos: ‘Tirei um peso, diz governador’, ‘Wagner avisa desfecho a Lula’ e ‘PT: ministro deve entregar o cargo’. Esta reportagem tem um enquadramento que valoriza o governo Wagner e seus aliados. Em relação ao PMDB, a matéria reporta apenas uma possível coligação entre o partido e o PT em um provável segundo turno em 2010.
Mas é no último intertítulo da reportagem que está o maior espaço dado ao PT. Nele, o presidente do partido, Jonas Paulo, sugere ao ministro entregar o cargo. Ele afirma que o PMDB baiano desprezou o cenário e as movimentações de unificação buscadas em estados como Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro, para a viabilização da provável candidatura da ministra as Casa Civil, Dilma Roussef. Nesta matéria ainda consta uma entrada do secretario de Planejamento, Walter Pinheiro, dizendo que Geddel cresceu a partir do Ministério da Integração Nacional.
‘A aliança proporcionou resultados positivos para as duas partes. Mas, todos lembram que no início do primeiro mandato do presidente Lula, o PMDB fazia oposição contumaz, em especial aqui na Bahia. Só depois, com o apoio a Lula, o partido começou a crescer e conseguiu o ministério. Portanto, o PMDB cresceu a partir desta relação’. (Tribuna da Bahia, 08-08-2009) do e o PT em um provavel a o governo Wagner e seus aliados.s pela legenda, mas o fato nao
Percebe-se, então, que apesar de o jornal não se posicionar, às claras, a favor de um partido ou outro, ao fazer uma análise minuciosa do veículo, constata-se certa inclinação em favor do governo de Jaques Wagner.
Para embasar este tipo de enquadramento utilizado nesta matéria Gutmann (2006), explica que ‘a análise que se apropria desses pressupostos se volta para a identificação do sentido de uma reportagem através do tipo de ênfase dado ao tema da notícia’ (GUTMANN, 2006, p.32).
A relação entre poder público e as classes dominantes é bem explicada por Valter Rodrigues (2005) em seu artigo ‘Poder e [Im]potência da mídia: a alegria dos homens tristes’ abordando que a totalidade dos grupos sociais surge semiotizada conforme os interesses dos grupos dominantes, que em uma variação restrita se articula com os interesses do poder público (RODRIGUES, 2005, P.1).
Michel Foucault, em a Ordem do discurso, traz vários princípios para a idealização do discurso. No caso estudado, o princípio da descontinuidade, abordada pelo autor, é de grande valia na produção de uma reportagem. O fato de haver sistemas de rarefação não implica que o discurso seja ilimitado, contínuo e silencioso.
Não se deve imaginar percorrendo o mundo e entrelaçando-se em todas as suas formas e acontecimentos, um não dito ou impensado que se deveria enfim, articular ou pensar. Os discursos devem ser tratados como práticas descontínuas, que se cruzam por vezes, mas também se ignoram ou se excluem (FOUCAULT, 1999, p.52-53).
O novo secretariado
As duas reportagens que abordam o novo secretariado do Governo Wagner retratam um enquadramento favorável aos petistas. A reportagem de Fernanda Chagas, intitulada ‘Wagner define nomes de novos auxiliares’, de 15 agosto de 2009, aborda a integração do Partido Progressista (PP) e do Partido Democrático Trabalhista (PDT) no cenário estadual, para as vagas nas secretarias de Infraestrutura e de Industria e Comércio, além das autarquias como a Empresa Baiana de Alimentos (EBAL), Agencia Estadual de Regulação de Serviços Públicos de Energia, Transportes e Comunicação na Bahia (AGERBA) e Departamento de Infraestrutura de Transportes na Bahia (DERBA). A reportagem ainda traz um intertítulo denominado ‘Futura composição já é criticada’ que aborda o ponto de vista do deputado federal ACM Neto (DEM) tratando o assunto como um fisiologismo político. Neto ainda critica a qualidade dos indicados pelo governador Jaques Wagner para compor a administração. ‘O governador está preenchendo os cargos olhando apenas a questão partidária. O que importa para o governador é a qual partido pertence os escolhidos. O currículo técnico dos indicados não é levado em conta’ (Tribuna da Bahia, 2009)
Para finalizar esta reportagem, o jornal traz um outro intertítulo denominado ‘CNB, do PT, emplaca secretaria’, em que aborda sobre a corrente Construindo Um Novo Brasil (CNB – coligação atual do governo baiano) que está emplacando uma nova secretaria e contraria a posição critica do deputado ACM Neto que afirma não haver pessoas capacitadas para compor as secretarias estaduais.
A corrente Construindo um Novo Brasil (ex-Articulação), do PT, conseguiu emplacar o engenheiro eletricista James Correia na secretaria estadual de Indústria e Comércio, uma das três pastas vagas com a saída do PMDB do governo Jaques Wagner (PT).Trata-se do primeiro novo secretário já escolhido desde o rompimento com o partido do ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional). Correia, que é um dos fundadores do PT baiano e tem doutorado pela USP, substituirá Rafael Amoedo. A indicação de Correia foi bancada pelos cinco deputados federais e quatro estaduais da tendência, bem como pelo presidente estadual do PT, Jonas Paulo, e o ex-deputado federal Josias Gomes, que também já presidiu o partido (Tribuna da Bahia, 15-08-2009)
A segunda reportagem ‘Governador Jaques Wagner anuncia dois novos secretários’, de 15 agosto, traz um breve currículo dos novos ocupantes no governo baiano, o que também vai de encontro as críticas feitas por ACM Neto. Na reportagem, João Leão (secretário de Infraestrutura), cursou até o Ensino Médio, mas que possui uma carreira política bem sucedida, dando um indicativo de que ele tem muita experiência.
[…] deu início à carreira política no ano de 1989, quando foi eleito prefeito de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador. Em 1995, foi eleito deputado federal e na última eleição foi o 13º deputado mais votado da Bahia. Está no quarto mandato consecutivo e, entre outras atribuições na Câmara dos Deputados, exerce o cargo de 1º vice-líder do Governo no Congresso Nacional (Tribuna da Bahia, 15-08-2009)
Em relação a James Correia, novo secretario de Industria e Comércio, a matéria aborda sobre o currículo do engenheiro, condecorado pela Universidade São Paulo com a medalha comemorativa dos 110 anos da entidade.
James Silva Santos Correia, 50 anos, é engenheiro eletricista, formado pela Escola Politécnica da UFBA, especialista em Planejamento de Sistemas de Potência (UFMG), pós-graduado em Estudos Avançados sobre Sistemas de Potência, mestre e doutor na mesma área, pela Escola Politécnica da USP. Trabalhou por 10 anos na Coelba, onde exerceu o cargo de gerente de Operações da Região Metropolitana de Salvador. Foi coordenador e hoje é professor do Mestrado em Energia da UNIFACS. Condecorado com a medalha comemorativa dos 110 anos da Escola Politécnica da USP, modalidade empreendedorismo, é autor do Plano de Racionamento alternativo à crise energética de 2001. Atualmente é consultor na área de gás e petróleo para diversas empresas do setor (Tribuna da Bahia, 2009).
Percebe-se então através da análise dessas reportagens, também um apreço do jornal pelo atual governo baiano. Apesar de dar espaço aos opositores do governo Wagner, o faz de modo muito incipiente. Apresenta também dados contrários as afirmações da oposição que descaracterizam o governo. Apresenta então um enquadramento completamente a favor dos petistas baianos.
Enquadrar é selecionar alguns aspectos de uma realidade percebida e fazer eles mais salientes no texto comunicativo de modo a promover uma definição particular de um problema, interpretação causal, avaliação moral e/ou um tratamento recomendado para o item descrito (KOSICKI, 1993, p.52 apud GUTMANN, 2006, p.32).
Considerações finais
A análise feita nestas 15 edições do jornal online Tribuna da Bahia, apesar de inicialmente não explanar estar a favor do PT ou do PMDB, demonstrou o apreço que o diário tem ao atual governo baiano. Foram muitas as reportagens em que o jornal oferece um espaço maior aos petistas que ao PMDB e oposição. O jornal coloca, na íntegra, citações de militantes favoráveis ao Governo Wagner e em menor escola dos militantes peemedebistas.
O efeito da espetacularização das comunicações de massa pode ser evidenciado nessa análise sobre o jornal online Tribuna da Bahia. Wilson Gomes Paulus (2004) em seu artigo ‘Transformações da política na era da comunicação de massa’ no capítulo ‘Theatrum Politicum’ faz uma abordagem em relação a distribuição desigual de prestígio no campo jornalístico. Isto pode ser caracterizado pelo aumento da audiência e pela busca de anúncios, o que mantém o impresso e os seus donos.
O elemento que mais salta aos olhos na dramatização da informação política pelo jornalismo é, provavelmente, o enquadramento de conflito como estrutura dramática. Essa estrutura supõe que as pessoas e grupos estão necessariamente em conflito entre si, de forma que o narrador precisa apenas identificar a matéria deste conflito preciso e isolar os antagonistas. Eventualmente, e só eventualmente, há um protagonista, aquele que representa o bem contra o mal, em geral, o governo quando tem grande apoio popular ou das elites, ou a oposição quando se trata de um governo sem apoio (PAULUS, 2004, p. 347-348).
De fato, este comportamento do jornal é muito perigoso, tendo em vista que é uma forma de induzir o leitor a ter uma visão única, não havendo uma posição crítica imparcial do veículo em relação à ruptura e as novas coligações do governo baiano.
Nas poucas vezes em que o jornal dá a voz à oposição ao governo do estado da Bahia, o próprio veículo rebate enaltecendo os novos ocupantes das pastas estaduais. O Tribuna da Bahia, por exemplo, esquece de mencionar que os progressistas foram durante os 16 anos em que os carlistas comandou o estado, verdadeiros aliados. João Leão, atual secretário de infraestrutura, por sua vez, é o eterno rival da prefeita de Lauro de Freitas – Moema Gramacho (PT).
Será que essas novas coligações não trata de apenas um fisiologismo político? O jornal também não faz uma busca, uma pesquisa minuciosa para saber o real motivo desta nova aliança, já que a três anos eram rivais políticos.
Por isso, entendo que este enquadramento é perigoso. É o que Gutmann (2006) diz quando trata do framming da audiência, relacionando ao modo como o publico irá enquadrar alguns assuntos a partir do que é oferecido pelos veículos.
O jornal deveria dar espaço igualitário aos dois partidos, tendo em vista que, este assunto interessa a toda a população e não apenas a um grupo.
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Estudante do 5º semestre de jornalismo da Faculdade 2 de Julho, Salvador, BA Política na Bahia