Um jornalista afegão, editor de um pequeno jornal de Cabul, foi preso na terça-feira (13/1) por publicar um artigo refutando a idéia de que as religiões – incluindo o Islã – são passadas para os humanos através de revelações divinas. O profissional, cujo nome não foi divulgado, foi acusado de blasfêmia, por ‘insultar o Islã e as outras religiões’, declarou o procurador-geral Fazel Ahmad Faqiryar. Foi aberta uma investigação sobre o caso.
O jornalista foi preso depois que um conselho de clérigos islâmicos e a comissão disciplinar de mídia do governo determinaram que o artigo significava um insulto ao Islã. O jornal acabou por pedir desculpas pela publicação. Pela lei afegã, baseada na lei islâmica Sharia, o editor pode receber de uma reprimenda a sentença de morte, se condenado. O texto foi retirado do sítio do jornal.
Depois que o regime talibã foi removido do poder, em 2001, foi instalado no Afeganistão um sistema de leis que, teoricamente, permite a liberdade de expressão. Infelizmente, é cada vez maior o número de jornalistas presos sob acusação de blasfêmia. No ano passado, um estudante de jornalismo foi condenado à morte por distribuir um artigo, retirado da internet, que questionava alguns aspectos do Islã e comportamentos sociais afegãos. Após protestos, a sentença foi reduzida para 20 anos de prisão.
Em setembro, um ex-jornalista foi sentenciado a 20 anos na cadeia por publicar uma tradução do Corão, livro sagrado muçulmano, que supostamente continha erros. A comissão de mídia também decidiu processar o dono de uma emissora de TV privada por transmitir, durante um feriado religioso, programas em que as mulheres não apareciam completamente cobertas. Informações da AFP [14/1/09].