Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

BBC sofre ameaça legal por não veicular anúncio

Dois moradores de Gaza ameaçam entrar com uma ação legal contra a BBC porque a rede britânica se recusa a exibir em seus canais um anúncio de uma campanha de ajuda humanitária à região, atingida pelo recente conflito com Israel. Em uma carta de 23 páginas em nome de três pessoas – um cidadão britânico e dois moradores de Gaza –, a firma de advocacia Hickman & Rose afirma que pode entrar na justiça se a rede continuar a negar espaço ao anúncio do Comitê de Emergência para Desastres, grupo de auxílio formado por organizações como a Cruz Vermelha e a Oxfam.


A BBC alega que não pode veicular o anúncio porque estaria prejudicando sua imparcialidade jornalística. A mensagem alega que a decisão da rede, tomada pelo diretor-geral Mark Thompson e por executivos do alto escalão, pode ser considerada ‘irracional e ilegal’ e viola a convenção européia de direitos humanos. Um porta-voz do escritório de advocacia afirmou que espera uma resposta da BBC.


O BBC Trust, conselho que representa os contribuintes que financiam a rede pública, havia prometido um inquérito especial sobre a decisão da companhia de se recusar a transmitir o apelo por Gaza, mas, por conta da ameaça legal, não sabe dizer quando serão feitas as considerações sobre a questão – programadas inicialmente para esta semana. A rede recebeu 22 mil reclamações do público por conta da recusa. ‘Sentimos pelo atraso, mas deixamos claro que levamos muito a sério estas reclamações’, declarou um porta-voz do BBC Trust.


A emissora Sky News também se recusou a exibir a peça, sob a mesma alegação de preocupação com a imparcialidade da cobertura do conflito em Gaza, que já deixou mais de 1.200 mortos, na grande maioria palestinos. Na primeira semana de exibição em outras emissoras e pela internet, o apelo do Comitê de Emergência para Desastres conseguiu arrecadar 3 milhões de libras. O Comitê afirma que a ajuda – com cobertores, comida, água e material médico e de higiene – já chegou a quase 800 mil pessoas em Gaza. Informações de Mark Sweney [Guardian.co.uk, 30/1/09] e de Patrick Foster [Times Online, 30/1/09].