Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repressão arbitrária pela mídia monocrática

O Globo é um jornal popular vendido diariamente nas cerca de 2.600 bancas de revistas esplendidamente instaladas no meio das calçadas cariocas. As bancas também vendem guloseimas, enquanto o Globo mantém um comércio das vaidades. A maioria dos leitores não frequentar o restaurante com melhor destaque no jornal viabiliza praticar os preços que fazem a maioria dos leitores se sentirem incapazes de frequentar o restaurante.

O tripé da mídia monocrática se sustenta por ser mutuamente complementar. A quantidade de exemplares vendidos justifica o comércio dos espaços explícitos de publicidade e a procura pela publicidade explícita dá lastro à concessão velada das vaidades. O público passivo é encharcado pela representação da imparcialidade patriarcal do veículo. A publicidade explícita é concedida meramente por causa do pagamento, mas a opinião do jornal virtualmente não tem preço.

Normalmente, não é possível encomendar, sob pagamento em dinheiro, a ação das polícias. O poder de arbitrariamente reprimir é disperso entre os três poderes, enquanto têm liberdade de agir sobre o entorpecimento passivo da massa medianamente satisfeita. A repressão arbitrária, portanto, fundamenta-se semanticamente e é congênita no tripé da mídia monocrática.

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Filósofo, mestre e doutorando em linguística, professor e programador