As mortes provocadas por enchentes e desabamentos, registradas na passagem do ano, começam a deslizar do setor de catástrofes ambientais para outros nichos da imprensa.
Em Angra dos Reis, políticos aparecem nos locais onde estão previstas demolições de casas construídas em zonas de risco, para ‘prestar solidariedade’ aos moradores e fazer declarações que são registradas em vídeo e poderão ser bastante úteis na campanha eleitoral deste ano.
Em colunas de jornais, notas curtas tentam empurrar responsabilidades para este ou aquele, conforme as antipatias da casa. E como pano de fundo já se instala certa preocupação com o carnaval que vem aí. Ou seja, os jornais parecem querer enterrar logo os mortos para cuidar das fantasias dos vivos.
No Rio, os jornais finalmente se deram conta de que o decreto assinado pelo governador Sérgio Cabral no meio do ano passado, aliviando as exigências ambientais em áreas de preservação, pode ter contribuído para aumentar o número de construções em locais vulneráveis.
Mas o maior debate se dá em torno da demora do governador em aparecer nos locais das tragédias em Angra dos Reis e na Ilha Grande.
Os jornais paulistas informam na quarta-feira (7/1) que a Pousada Sankay, onde perderam a vida três das vítimas da Ilha Grande, não tinha licença ambiental para funcionar. A imprensa também descobriu que 90% das construções na região, que concentra casas de veraneio de celebridades e empresários de comunicação, são irregulares.
Ficou faltando fazer a relação entre a concentração de irregularidades, que pode deixar em situação constrangedora certas personalidades, e o decreto baixado pelo governador, aparentemente sem fundamentação técnica e à revelia de seus assessores ambientais.
O que a força da natureza revela é que não basta uma penada de político para tornar as coisas regulares: a enxurrada é para todos. Mas a imprensa ainda não apresentou a lista dos donos de imóveis que desrespeitam o bom senso e contribuem para fragilizar as encostas.
E, como não podia deixar de ser, antes de chegar o carnaval, parte dos jornais já dá um jeitinho de misturar tragédia com política: a charge na primeira página do Globo coloca o presidente da República no cenário do deslizamento em Angra dos Reis.
Revivendo a História
O noticiário internacional dá conta do recrudescimento do terrorismo e os jornais procuram desfazer a ilusão de que a simples eleição do democrata Barack Obama nos Estados Unidos seria suficiente para alterar o clima de tensão entre o Ocidente e o mundo muçulmano.
A complexidade do mundo contemporâneo não cabe nas páginas dos jornais e revistas. Por isso, torna-se ainda mais relevante preservar a História e relembrá-la de vez em quando, para refrescar as memórias e ajudar as pessoas a entender a sociedade globalizada. O Observatório da Imprensa na TV cumpre essa tarefa.
Alberto Dines:
A Segunda Guerra Mundial começou há 70 anos mas continua em toda parte: ocupa os balcões das livrarias, não sai das telas de cinema e das telinhas da TV, oferece paradigmas para o debate ideológico, inspira a retórica dos políticos, serve de exemplo contra o fanatismo. Considerado o mais importante fato histórico dos últimos 500 anos, a Segunda Guerra foi também uma epopéia midiática: Hitler a insuflou com a ajuda do rádio, Hitler a perdeu graças ao poder global do cinema. A Segunda Guerra Mundial foi tema de uma serie de quatro especiais do Observatório da Imprensa apresentados entre setembro e dezembro de 2009. A partir de hoje serão reapresentados na TV Brasil, semanalmente, à meia noite das quartas-feiras. Em São Paulo pelo Canal 4 da NET e 181 da TVA. Não perca.