Ah, se existisse uma Delegacia de Defesa do Consumidor para proteger os leitores.
No Estado de S.Paulo de domingo (29/5), o líder do PSDB na Câmara diz numa entrevista que ‘essa viagem [do presidente Lula] ao Japão e à Coréia não tem outro sentido que não o de fazer campanha’.
E a repórter não achou que era o caso de perguntar: ‘Como é mesmo, deputado?’
Três colunas à direita, entrevistando o ministro da Coordenação Política Aldo Rebelo, o repórter pergunta: ‘A briga pela CPI não atrapalha a convivência, até respeitosa, do governo com a oposição?’
Aí era o caso de o nosso imaginário delegado perguntar onde esteve o repórter, por exemplo, quando a oposição soltou os cachorros em cima do governo, em fevereiro do ano passado, por causa do Waldogate, e, pouco depois, quando o ministro da Casa Civil José Dirceu desancou numa entrevista o senador tucano Tasso Jereissati por causa das suas objeções (afinal acolhidas em parte) ao projeto das PPPs?
Números furados
Já a Folha, no seu cerebral caderno ‘Mais!’, publica no mesmo dia um mapa-mundi sobre o terrorismo na internet. Nele se localizam alguns servidores que abrigam sites vinculados a grupos terroristas. Até aí, tudo bem.
Tudo mal, porém, quando o infográfico colore o mapa conforme o número de usuários de internet por país, em milhares de pessoas. Checando cores e números, fica-se sabendo que nos Estados Unidos eles estão entre 400 e 600 mil. (No Brasil, entre 50 e 150 mil.)
Nos EUA, em 2004, passavam de 155 milhões. No Brasil, no mesmo ano, chegavam perto de 20 milhões (apenas usuários domiciliares).
Assim fica difícil.