O cenário do jornalismo maranhense ficou pobre, com a morte de um dos seus mais legítimos representantes, Coelho Neto, que partiu, na última quinta-feira, com 56 anos de idade (16/12/1954). Deixou um imenso vazio. Fará falta às pessoas que o admiravam e acreditavam no seu trabalho, repassado de lutas e empreendimentos que movimentava a categoria a nível nacional, com a realização de congressos.
Eu tinha por ele uma atenção especial, gostava do seu papo-cabeça, que revelava uma força persuasiva quase indefensável, quando queria convencer. Era preciso ter bons argumentos. Não o perdia de vista, observando de longe os passos e conquistas, como ex-aluno. Coração imenso, uma generosidade sem tamanho, um cavalheiro, inteligente, sabia corresponder ao valor da amizade e da confiança. Sempre respeitoso, fala mansa, incansável na busca dos objetivos.
Nestes tempos de incompreensão, é difícil de reconhecermos a importância daqueles que com o seu trabalho e empenho contribuíram para engrandecer a profissão ligada aos veículos de comunicação. Ele, Coelho Neto, uma pessoa sensível e criativa, buscou do fundo do baú nomes que estavam esquecidos. E assim seriam, para sempre, não fosse ele dar-lhes a merecida lembrança, com troféus e diplomas, que envaideceram a muitos e honraram a memória de outros. A família, comovida, guardou a comenda.
A vida nem sempre é justa
A história do jornalismo maranhense lhe agradece por essa manifestação de justiça e as informações sobre esses profissionais, do mais baixo ao mais alto escalão. Oportuna e feliz a ideia dos congressos que promoveu. Não apenas com aquele fim, de natureza humana, mas ao trazer a São Luís (MA), para a mesa de discussões, o que havia de melhor, entre muitos nomes, na área do Rio, São Paulo e outros estados, para, aqui conosco, filhos da terra, aprendermos e ensinarmos, numa troca civilizada de conhecimentos.
Coelho Neto não está conosco, mas deixou as pegadas de um lutador. Um profissional que não desprezava o sonho, o entusiasmo de realizar e a certeza de conseguir os fins.
As pegadas de sua passagem na terra, nos parece que, cumprida a missão, partiu. Deixou o exemplo a ser seguido por quem, como ele, acreditava no jornalismo sério, saudável e com bons ensinamentos, para melhorá-lo a cada dia, em benefício da sociedade. É necessário, também como ele, ter cultura, experiência e uma forte dose de idealismo. Será lembrado sempre. Basta olharmos para a estante do escritório ou pregado na parede, um diploma dos que ‘fizeram a história do jornal e do rádio maranhenses’.
Há muito que não o via e nem o ouvia, como era costume. Ele sempre queria aprender, ensinar, pedir sugestões e tirar dúvidas. Aqui, dele me despeço. Vai, amigo. A vida é assim mesmo. Curta e definitivamente, nem sempre justa.
Uma declaração comovente
Não quero questionar os desígnios de Deus, mas você poderia partir mais tarde. Tinha tanto para dar. Estava em plena fase de amadurecimento às coisas do jornalismo e da oratória, como só ele sabia praticar. Fica conosco o melhor da sua produção, a revista Nossa Imprensa, através da qual promovia os valores dos que praticam no dia-a-dia, a história do jornalismo maranhense. Nas entrevistas ia fundo, com perguntas inteligentes e assuntos do momento ou em busca do passado.
Como parte das atividades fez parte do Conselho, como suplente da ABI. Participou da comissão que elaborou as festividades dos cem anos da entidade. Na oportunidade trouxe a São Luís o presidente Maurício Azêdo, para falar do acontecimento e outros assuntos, no Congresso de Jornalistas e Radialistas, de 2008.
O reitor Natalino Salgado – UFMA extraiu de sua sensibilidade uma declaração sobre a morte de Coelho Neto que comoveu: ‘Perdemos um dos mais atuantes professores e essa lacuna ficará marcada no rádio e no jornalismo para sempre.’
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Jornalista e professor universitário