Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Extremistas usam web para recrutar, diz relatório

Grupos extremistas do sudeste asiático estão usando cada vez mais a internet e redes sociais para recrutar a juventude da região, noticia Michael Perry [Reuters, 6/3/09]. ‘Para estes grupos extremistas, a internet é uma ferramenta importante de incitamento da violência’, revelou o relatório do Instituto Australiano de Política Estratégica e da Escola de Estudos Internacionais S. Rajaratnam, em Cingapura, divulgado na semana passada. ‘Eles não estão atacando apenas o Ocidente, mas ampliaram o seu discurso para atacar os acordos governamentais regionais’, denunciou o documento.

Segundo a pesquisa, o extremismo online apareceu pela primeira vez na região em 2000, em indonésio, bahasa e malaio. Desde então, o uso da rede cresceu, assim como sítios, blogs e salas de bate-papo de extremistas. Em 2007, existiam apenas 15 sítios extremistas nas línguas bahasa e malaio; em 2008, eram 117. Entre 2006 e julho de 2007, sítios regionais radicais disseminaram vídeos, fotos e declarações da al-Qaeda e do grupo militante Jemaah Islamiah. Nos fóruns, há divulgação de manuais para fabricação de bombas e outros aparatos. Nestes espaços de discussão, há também a tentativa de planejar operações de guerra.

Uso crescente da rede

Na Indonésia, o uso da internet subiu de dois milhões de pessoas, em 2000, para 20 milhões, em janeiro de 2008. Hoje, o país é responsável por até 90% da quantidade de visitantes a 10 sítios radicais extremistas na região. No mesmo período, as Filipinas, onde há uma insurgência muçulmana, viram o uso da web crescer de dois milhões de usuários para 14 milhões; a Malásia, de 3,7 milhões para 14,9 milhões; e a Tailândia, de 2,3 milhões para 8,5 milhões.

Alguns grupos extremistas investiram nas tecnologias e unidades de comunicação. O Mujahidin Syura Council, por exemplo, lançou um sítio oficial em 2008. Já o Hizbut Tahrir Indonesia produz freqüentemente clipes de alta qualidade de suas atividades e os publica no sítio de compartilhamento de vídeos YouTube.

De acordo com o relatório, os governos fizeram pouco para impedir o crescimento da radicalização na rede. Incitar a violência é crime em muitos países, mas em geral não há regulamentações específicas para internet. ‘Muitos não querem parecer anti-islâmicos ao ir contra os grupos islâmicos, e outros não querem parecer antidemocráticos, indo contra a liberdade de expressão na rede’, conclui o relatório.