Na noite de quarta-feira (27/1), quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já estava sendo encaminhado às pressas para um hospital de Recife, as edições online dos principais jornais da região Sudeste ainda publicavam declarações que ele havia feito durante o jantar com o governador de Pernambuco e outros políticos.
A primeira informação sobre o mal-estar sofrido pelo presidente, por volta das 21 horas, só foi noticiada depois das 2h de quinta-feira (28), primeiro no portal do Estado de S.Paulo e logo depois no Globo Online. O leitor da edição digital da Folha de S.Paulo só teve acesso à notícia uma hora depois, em reprodução do que foi publicado no portal G1, do grupo Globo.
Tudo indica que, quando viram a comitiva presidencial embarcar no avião, os repórteres consideraram encerrado o dia de trabalho. Só que o avião não decolou, e poucos minutos depois das 21 horas o presidente era levado a um hospital de Recife.
No mesmo período, as redações preparavam o material sobre a viagem do presidente a Davos, na Suíça, onde deveria receber o prêmio ‘Estadista Global’, criado para comemorar os 40 anos do Fórum Econômico Mundial.
Primeira versão
O episódio é mais uma indicação de que não basta o desenvolvimento de tecnologias para que o jornalismo possa cumprir sua promessa de informações ‘em tempo real’. Se a crise de hipertensão sofrida pelo presidente fosse um episódio mais grave, o Brasil amanheceria completamente desinformado.
Na manhã de quinta-feira (28), as edições de papel dos principais jornais não traziam qualquer referência ao episódio, apesar de todo o aparato de jornalistas que costuma acompanhar as viagens presidenciais.
Aparentemente, a primeira versão da crise sofrida pelo presidente foi publicada pelo blog do jornalista Jamildo Melo, do Jornal do Commercio do Recife, logo depois da meia-noite. Quarenta minutos depois, o tuiteiro @fabriciovas, da Argentina, reproduzia a informação.
Pelo visto, a chamada grande imprensa tomou uma furada geral.