Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sítio divulga lista secreta do governo australiano

O sítio Wikileaks vazou uma lista secreta de sítios que a agência reguladora de mídia da Austrália, a Australian Communications and Media Authority (ACMA), pretende bloquear. A veracidade da lista, entretanto, foi refutada pelo governo. A publicação da lista reacende o debate sobre se a proposta do governo de impor um filtro à rede para todos os australianos poderia ter conseqüências desastrosas para negócios supostamente inocentes.


A lista em questão seria fornecida a operadores de internet, para que os sítios fossem incluídos nos filtros de segurança. O ministro das Comunicações australiano, Stephen Conroy, alega que a lista verdadeira contém, em sua grande maioria, endereços de sítios promovendo pornografia infantil e violência sexual, mas se recusou a tornar seu conteúdo público. Críticos classificaram a medida como censura; servidores de internet argumentam que um filtro poderia diminuir a velocidade de navegação – testes estão marcados para junho – e apontaram que material ilegal como pornografia infantil pode continuar a ser enviado por internautas por programas de compartilhamento de arquivos.


Censura


Em seu sítio, o Wikileaks acusou a Austrália de ‘agir como uma represa democrática’ e afirmou que a ‘democracia australiana não deve dormir com esta arma carregada’. O sítio – que se classifica como um meio para divulgar ‘análises e documentos vazados’, com foco em regimes opressivos e comportamento antiético – não explicou como obteve a lista, que contém cerca de 2.4 mil endereços de internet, muitos deles claramente destinados à pornografia infantil.


No entanto, ela também inclui sítios de pôquer online e de uma empresa de consultoria. Curiosamente, até um consultório dentário aparece na lista. Alertada por um repórter, a dentista entrou em contato com a ACMA, e teve a confirmação de que a página estava de fato na lista de proibições. Há mais de um ano, o sítio foi invadido por um hacker e, durante um período, visitantes eram direcionados a um sítio com conteúdo para adultos. O consultório rapidamente mudou de servidor e não teve mais problemas. ‘Estamos um pouco chateados por estarmos na lista’, admitiu a dentista.


O governo da Austrália classificou a divulgação da lista na Wikileaks como ‘irresponsável’ e negou se tratar do documento real. Em declarações separadas, a ACMA e Conroy reconheceram, entretanto, que a lista oficial e a divulgada pela Wikileaks continham sítios em comum. Mas Conroy afirmou que diversas páginas da Wikileaks nunca estiveram na lista oficial. Enquanto o documento que vazou, com data de agosto de 2008, contém cerca de 2.4 mil endereços, a oficial, no mesmo dia, continha mil. A ACMA informou que sua lista nunca chegou a 2.4 mil sítios. Conroy afirmou que a agência estava investigando a publicação da lista e considerava levar o caso à Polícia Federal Australiana. Informações da AP [20/3/09].