Uma vez por semana, o KidsPost, seção do Washington Post dedicada ao público infantil, traz dezenas de fotos de crianças da região com seus nomes, datas de aniversários e cidades. Para os pequenos e seus pais, é um orgulho estar no jornal que é lido pelos amigos e parentes. Para alguns, no entanto, isto é preocupante, pois, ao divulgar estas informações, o Post está colocando as crianças em risco, escreve o ombudsman Andrew Alexander, em sua coluna de domingo [11/10/09].
‘Há muitos pedófilos que buscam obsessivamente, online e offline, por suas vítimas’, diz Grier Weeks, diretor-executivo da Associação Nacional para Proteção das Crianças. ‘Dar a eles um banco de dados virtual com informações sobre crianças locais – incluindo fotos, nomes, endereço e datas de nascimento – é uma prática nada segura’. A preocupação de Weeks é que os pedófilos busquem as crianças em redes sociais, como Facebook e MySpace. ‘Eles podem entrar em contato com a criança e ter informações para iniciar uma conversa’, explica.
Segundo a editora do KidsPost, Tracy Grant, de três a quatro vezes ao ano o jornal recebe reclamações deste tipo – que, na sua opinião, são ‘tristemente inocentes’. E ela não é a única a pensar assim. ‘Há outras maneiras mais sofisticadas de ter crianças como alvo’, opina Tracy, mãe de gêmeos de 13 anos. Além disso, apenas os pais podem enviar as fotos, que aparecem nas versões impressa e online do Post. ‘Ninguém é forçado a publicar nada’.
Na última década, houve cerca de 740 mil denúncias de exploração sexual infantil à CyberTipline, página administrada pelo Centro Nacional para Crianças Desaparecidas e Violentadas, em associação com o FBI e outras agências. No começo deste ano, o MySpace informou que baniu 90 mil pedófilos registrados em seu sistema.
No entanto, o risco de uma criança ser sexualmente explorada por meio de uma rede social ‘é menor que insignificante’, avalia Larry Magid, jornalista e co-diretor do ConnectSafely.org, que oferece dicas a jovens sobre comportamento responsável na internet. Stephen Balkam, presidente do Instituto de Segurança Online para a Família, concorda. ‘Em termos de fotos de crianças em jornais, não vimos evidências de que elas sejam usadas por pedófilos para atacar crianças’, diz.