Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tiago Dória

SPEEDY
Tiago Dória

Frase da semana

‘‘A Telefônica informa que, nos últimos dias, parte da sua infraestrutura que dá suporte ao acesso à internet tem sido alvo de ações deliberadas e de origem externa’

Em comunicado enviado à imprensa, a Telefônica revelou que diversos ataques de ‘hackers’ teriam causado problemas de conexão que já duram quase uma semana no serviço Speedy.

Também nesta semana, a Anatel aprovou o uso da tecnologia de internet pela rede elétrica. A decisão permitirá que tomadas elétricas sejam usadas como pontos de acesso à internet.

Com isso, espera-se que novas empresas entrem no mercado e aumente a competição entre as que exploram o acesso a rede.’

 

AGREGADORES
Tiago Dória

Grandes redirecionadores de tráfego

‘O assunto está rendendo e é bem emblemático para quem é acostumado a consumir notícias por meio da web. Além da apresentação do diretor geral da Google, o principal assunto dessa semana nos sites de mídia é o ataque aos buscadores e agregadores de notícias.

Depois do ataque, vem a defesa. Erick Schonfeld, um dos colaboradores do blog Techcrunch, sai do lado dos buscadores e compara a agência Associated Press, pivô de toda a polêmica, à indústria fonográfica, à RIAA, associação que defende os interesses das gravadoras e que vem processando diversas pessoas que baixam músicas na internet.

Comparação que também foi feita por Vinicius Zimmer, nos comentários deste blog.

Para afinar mais ainda o discurso dos que defendem os agregadores e buscadores de notícias, saiu uma pesquisa da Hitwise que indica que buscadores, blogs e portais que atuam como agregadores de notícias são responsáveis por quase 40% do tráfego por meio de links dos principais sites de notícias nos EUA.

Os agregadores são, portanto, importantes redirecionadores de tráfego, segundo a Hitwise.

E o que chamou mais a atenção. Quase empatada com os sistemas de busca, outra principal fonte de tráfego vem dos próprios sites de notícias, quando um linka para o outro. Algo que o NYTimes, Washington Post e Wall Street Journal vêm fazendo há algum tempo.

Alguns mais, outros menos. Todos os 3 sites fazem links para o conteúdo do outro, acabam compartilhando tráfego (vide a seção de tecnologia do NYTimes e o Political Browser do Post).

É um exemplo de como o tabu da concorrência não funciona muito bem, vem ‘baleiando’, no ambiente de internet, principalmente quando o critério jornalístico e não o corporativo fala mais alto.’

 

***

Buscadores e agregadores de notícias sob ataque (atualizado)

‘A ameaça foi lançada. A agência de notícias Associated Press anunciou que planeja mover junto com alguns jornais impressos uma ‘ação agressiva’ contra sites que usam o seu conteúdo de forma inapropriada, utilizam trechos, manchetes e citações sem autorização.

Entre os que serão afetados entenda-se sites que atuam como agregadores de informações (The Huffington Post, Mahalo, ShortFormBlog) e buscadores de notícias (Google News). A Google tem uma parceria com a AP, mas que vai se encerrar no final deste ano. Segundo um executivo da AP, apesar do acordo, a Google vem usando o conteúdo da agência de ‘forma inadequada’.

A priori, a idéia da AP é a mesma do Financial Times, utilizar uma tecnologia que rastreie a web e descubra quem está republicando sem autorização as suas matérias e artigos.

A decisão parece ser um verdadeiro tiro no pé, pois a sua concorrente mais próxima, a agência de notícias Reuters, oferece quase o mesmo conteúdo de graça na web e ainda com acesso a API, o que permite que as pessoas mesclem o material da agência com outros conteúdos.

Aliás, ao contrário da AP, a Reuters há muito tempo já percebeu que para uma empresa de mídia não basta entregar/distribuir informação. Vem atuando em várias frentes como softwares que trabalham com semântica nas notícias e análise de grandes quantidades de informação financeira.

Porém, não dá para negar que a internet está sendo uma verdadeira faca de dois gumes para o modelo de negócio das agências de notícias: se você fecha o conteúdo, ganha receita com assinaturas, mas perde audiência e relevância. Se você abre o conteúdo, ganha audiência e relevância na rede, mas perde a receita com assinaturas e de fornecedor passa a ser visto como concorrente por seus clientes (sites de notícias que assinam os serviços da agência).

Nessa história toda, a AP ignora que esses agregadores e buscadores de notícias surgiram devido a uma demanda natural.

No meio da avalanche atual de conteúdo, onde muitas vezes essa quantidade enorme de informação vira um amontoado de ruído, o trabalho desses agregadores, curadores de conteúdo, é essencial.

São como filtros. Eles ajudam o leitor a encontrar a informação necessária de forma mais rápida e precisa. Junto com os buscadores de notícias fazem parte do processo natural da web.

Se essa suposta ‘ação agressiva’ atrapalhar o funcionamento do Google News, do ShortFormBlog ou do The Huffington Post, vão surgir outros agregadores e buscadores de notícias feitos por leitores, pessoas comuns, por que são algo que é necessário e vital no atual ecossistema de informação.

A importância é tanta desses sites com caráter de curadores de conteúdo que o Washington Post correu atrás para ter um, o Political Browser, a Fox tem outro, o The Fox Nation, e o NYTimes segue pelo mesmo caminho com a sua política de linkar para outros sites de jornais.

No final das contas, é mais fácil a Associated Press chegar ao fim do que os agregadores e buscadores de notícias.

(Atualização) – Saiu uma resposta oficial da Google sobre o caso. Segundo a empresa, o Google News é parte da solução para os jornais. O sistema de busca de notícias, na verdade, ajudaria a enviar tráfego para os sites de jornais, sejam eles grandes ou pequenos.

Nesta terça-feira, acontece a esperada apresentação de Eric Schmidt, CEO da Google, no Encontro da Associação Americana de Jornais.’

 

O FUTURO DO JORNAL
Tiago Dória

O futuro dos jornais passa pelo Google e pela publicidade

‘Essa foi uma das principais idéias que Eric Schmidt, diretor geral da Google, passou durante a sua apresentação no Encontro da Associação Americana de Jornais. Sua participação era bem aguardada devido aos últimos acontecimentos envolvendo a agência de notícias Associated Press e a visão negativa que os jornais impressos, em geral, sempre tiveram do Google.

Acompanhei a sua apresentação e as posteriores perguntas da platéia, formada por executivos da indústria de jornal, pelo liveblogging e a transmissão ao vivo de áudio que foi disponibilizada pela Associação em seu site nesta terça-feira à tarde.

Em uma comparação com o mercado televisivo (onde existe a TV a cabo, pay-per-view e TV aberta), o diretor da Google disse que existe espaço na internet para vários modelos – conteúdo pago, sistema de assinaturas e micropagamentos, mas que, para atingir o grande público, o modelo predominante nos sites de notícias será o de conteúdo gratuito sustentado por publicidade.

Ele acredita que a receita dos jornais com publicidade online vai aumentar (segundo ele os anúncios ficarão ‘mais interativos’).

Schmidt disse ainda que os jornais podem construir um novo modelo de produção junto ao Google, algo que vai além de apenas republicar matérias da edição impressa no online. Devem criar produtos que entreguem informação personalizada, que proporcionem uma ‘melhor experiência do usuário’ e ajudem os leitores a irem além das simples manchetes, informação mais analisada, contextualizada e multimídia.

E ainda. Deixou claro que foi-se o tempo em que as pessoas consumiam informação uma vez ao dia (de manhã acordo e leio o jornal, somente vou me informar à noite nos telejornais). Hoje com a internet esse consumo acontece num fluxo contínuo ao longo do dia (acesso o mesmo site de notícias várias vezes ao dia. Tenho contato com conteúdo jornalístico várias vezes ao dia pelo celular, emails, nas redes sociais).

Somente faço um adendo. Isso acaba com a noção de tempo, que por muito tempo guiou a produção jornalística (fechamento de edição, por exemplo). Além disso, esse comportamento de consumir e produzir informação, as notícias, de forma contínua, não veio com a internet.

Os canais 24 horas de notícias (CNN, GloboNews, Band News), por exemplo, de certa forma, já trabalhavam e ainda trabalham em cima desse conceito de fluxo contínuo de informação, que depois foi ratificado com a chegada dos portais de internet.

Em resumo, pelo que percebi Schmidt (foto acima) não apresentou nenhuma solução concreta para a crise nos jornais. Sua apresentação não trouxe novidades, mas, nas entrelinhas, deixou a sua visão e como consequência também da Google sobre o futuro da indústria de jornais, que é a seguinte:

O jornalismo em si não está morrendo, mas o uso do jornal-papel como principal meio para entregar informação e o método de produção jornalística como se as pessoas consumissem informação uma vez ao dia é que estão chegando ao fim.

Esse primeiro não pode morrer, é necessário para a democracia e a liberdade de expressão, e terá uma longa e nova vida na internet, sustentado por publicidade (e, claro, com a ajuda da Google).’

 

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