O governo do Iraque acusou, na segunda-feira (13/4), a mídia local, árabe e internacional de tentar incentivar a violência sectária no país. A crítica segue um processo aberto pelo Exército iraquiano para encerrar as operações de um jornal e uma emissora de TV por supostamente divulgar uma citação falsa de um porta-voz militar.
Os alvos da ação legal são o jornal em língua árabe al-Hayat, produzido em Londres, e a emissora de TV al-Sharqiya. Os militares acusam os dois veículos de comunicação de reportar, de maneira falsa, a existência de ordens para a prisão de ex-detentos libertados recentemente pelos EUA. O al-Hayat e a al-Sharqiya citaram um porta-voz do Exército iraquiano afirmando que os nomes e fotos dos detentos libertados haviam sido distribuídos em postos de controle com ordens de prisão. A ação faria parte de uma investigação de um recente bombardeio em Bagdá. O porta-voz oficial do Exército, major general Qassim al-Moussawi, insiste ter dito apenas que as fichas dos ex-detentos seriam revisadas. O jornal divulgou uma correção na internet, alegando que a informação não veio de al-Moussawi, mas de outro oficial.
Campanha
Em declaração, o departamento de mídia oficial do Iraque afirmou no início desta semana que alguns veículos de mídia lançaram ‘uma campanha coordenada contra o governo iraquiano’, citando recentes disputas entre paramilitares sunitas aliados aos EUA e a administração do primeiro-ministro Nouri al-Maliki, xiita.
Nenhuma organização de mídia foi citada, entretanto. ‘Estas tentativas de alguns veículos de mídia para apresentar pessoas procuradas como heróis caçados por forças de segurança, e as tentativas de provocar brigas sectárias com o objetivo de prejudicar a unidade iraquiana, não apenas distorcem a mensagem da mídia como também nos fazem pensar sobre os verdadeiros objetivos destas campanhas e dos grupos por trás delas’, dizia a declaração. Informações de Qassim Abdul-zahra [Associated Press, 13/4/09].