A comunicação é algo inerente a todos os indivíduos que se constituem como um ser social, pois a sociabilidade apenas se adquire por meio de processos comunicativos. A comunicação social se apresenta de forma legítima como a área do conhecimento que se volta para as questões que envolvem este processo. Por ser uma área abrangente do conhecimento, ela permite divisões por ramos de estudos, sendo uma delas a comunicação comunitária.
Realizar e fazer acontecer a comunicação comunitária somente é possível se todas as preocupações olharem em direção à comunidade, compreendendo as suas necessidades, as suas características, a sua cultura. Nesse contexto, para ampliar o universo de estudos nessa direção, em 1967, o pesquisador Luiz Beltrão, defendeu a tese da Folckcomunicação, que poderia ser entendida como o estudo da difusão das manifestações da comunicação popular, nas suas excentricidades, e do folclore nos meios de comunicação de massa.
Em todos os segmentos comunitários é possível observar manifestações que refletem fielmente os seus valores, os seus costumes, a as crenças de determinado grupo social, que por meio das expressões populares procura preservar o que forma e garante a sua identidade social. A mídia, portanto, tem o papel primordial de valorizar e privilegiar em suas pautas aquilo que é produção do povo, pois esse mesmo povo, é o seu público principal. É necessário mostrar para eles, o que é deles. Trazer para a mídia, os protagonistas sociais, pois assim, o processo de identificação com os meios de comunicação é facilitado.
Manifestações culturais
Enquanto se buscar fugir dessa perspectiva de evidenciar o local, os seus protagonistas sociais e a sua produção, o futuro de alguns meios de comunicação, como o jornal impresso, só será provável se os agentes da comunicação começarem a compreender, aceitar e incorporar nos seus processos de produção redacionais o conceito de jornalismo de proximidade,onde os acontecimentos e a realidade que tocam mais diretamente a localidade natal do jornal é privilegiado em suas páginas.
Beltrão valoriza/supervaloriza o princípio do ‘bem comum’, tratado por várias vezes em sua obra Introdução à filosofia da comunicação (1960). Aplicar à pratica do jornalismo e à sua rotina de produção nas redações, a política do ‘bem comum’, colocando os assuntos comunitários e os protagonistas da comunidade em pauta nos jornais impressos, é uma forma de dar ao jornal um ar de preocupação com o bem da comunidade e valorizar de forma séria e responsável os assuntos que permeiam o universo comunitário, e com isso, atrair os olhares de volta à leitura do jornal feito de tinta e papel.
Os meios de comunicação exercem além de um papel informativo/provocador, uma função educomunicativa, onde é possível por meio desses canais,como por exemplo, o radialismo comunitário, possibilitar aos indivíduos o exercício da sua cidadania e despertar-los para o valor da educação. Estudar e trabalhar a valorização da identidade popular e cultural de um povo, trazendo as suas pautas para a mídia, é uma forma de educar para cidadania, pois os sujeitos cientes dos seus direitos e deveres, e com uma carga satisfatória de conteúdos úteis em seu dia a dia é possível vislumbrar mudanças positivas em suas comunidades e iniciar processos de preservação cultural. É notório, portanto, que quando trabalhadas em um contexto educomunicativo, ou mesmo fora deles, as manifestações culturais são instrumentos válidos na formação educacional de um povo, pois as pessoas são levadas a pensar em outras perspectivas, como a cultural, através da qual o futuro pode ser sonhado e é algo palpável.
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Estudante de Comunicação e Administração, Campina Grande, PB