Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Primeira Página

POLÍTICA

Deonísio da Silva

O que é fascismo? O que fizeram no Senado!

‘O ex-ministro Gilberto Gil deu a aula magna de nossa universidade neste segundo semestre.

A palestra foi transmitida para 16 estados onde a Universidade Estácio de Sá tem campi. A localidade mais próxima de São Carlos e região onde circula o Primeira Página e onde a aula foi assistida é Ourinhos (SP). O diretor da unidade é Marcelo Sylvino, que para lá se mudou com a esposa, a advogada Camila Guimarães e o filho João Victor, este ano.

O trio me faz muita falta aqui no Rio. Em vários fins de tarde íamos buscar o menino na creche e de lá vínhamos mostrar a Lalá ao João Victor, pois crianças e pássaros, assim como crianças e animais, têm um entendimento ou desentendimento que vai muito além de nossas pobres compreensões. O caso é que Lalá gostava da visita do Victor e de seus pais. E eu também, claro!

Meu outro amigo mirim com nome semelhante é o Victor da Marília e do Tony – hoje moram os três nos EUA, mas foram nossos vizinhos em São Carlos. Já não sei mais se o nome de um é Vítor, se os dois são Victor, de todo modo são dois meninos vencedores, de acordo com o étimo da palavra latina e porque quem tem os pais que ambos têm só pode ir bem na vida. O fruto não é muito diferente da árvore, salvo exceções.

A palestra de Gilberto Gil passava longe da política, mas os alunos, provavelmente influenciados pela mídia – jornais, revistas, televisão, rádio e principalmente por blogues – fizeram perguntas sobre a crise do Senado.

As perguntas foram mais ou menos as mesmas que todos fazemos. O que nos resta? Confiar na Justiça? Na Polícia Federal?

O crítico de música Nelson Motta escreveu: ‘Seria um exagero comparar as disputas pelo poder no Congresso com as guerras de quadrilhas pelos pontos de venda de drogas nas favelas cariocas? Só porque uns vendem crack e cocaína e outros, privilégios e ilegalidades? Guerra é guerra, vale tudo na disputa pelos pontos de poder. (…) Mas, quando o cerco aperta, os dois bandos acertam um armistício: o verdadeiro inimigo é a Polícia’.

Bem, Gilberto Gil respondeu como pôde às perguntas. Mas notei sua dificuldade, que é também a minha, de responder a questões políticas em tão pouco tempo.

Saí da palestra, os dias se passaram e comecei a matutar. Foi a Polícia Federal, subordinada ao Ministério da Justiça, presidido atualmente por Tarso Genro, quem denunciou o presidente do Senado. Foi ela quem passou ao Estadão as notícias. Como, então, entender que as denúncias foram feitas para prejudicar o governo? O governo fez denúncias para prejudicar a si mesmo? Ora, que nos contem outra!

Os senadores do PT receberam ordens, não apenas de calar a boca, mas de dizer o que o presidente do partido lhes ordenava, contrariando o líder e a bancada do mesmo partido no senado.

Sem meias palavras, que palavras é o assunto que ignoro menos, devido à profissão, fascismo é isso: não apenas proibir que se diga alguma coisa. Isto é apenas censura, o que já é grave. O fascismo é pior: é obrigar o outro a dizer o que ele não quer dizer.

Foi isso que os senadores traidores de quem os elegeu fizeram na semana passada. Mas quem mandou e quem obedeceu são companheiros, isto é, estão na mesma companhia!

Cheguei em casa, fui ouvir Gilberto Gil: ‘As recordações/ retrato do mal em si/ melhor é deixar para trás’. E dizer que um dia confiei em gente como esses senadores! Se fazem assim consigo mesmos, o que não farão com os outros? Bom, muitos já fizeram, outros estão fazendo e muitos ainda o farão.’

 

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