Dino Boffo, editor do diário católico Avvenire, deixou o cargo nesta quinta-feira [3/9] depois que outro jornal, de propriedade da família do primeiro-ministro Silvio Berlusconi, fez acusações sobre sua vida privada. O Avvenire, sob a liderança de Boffo, havia criticado os escândalos envolvendo o premiê e festas com prostitutas. Na semana passada, no que soou como retaliação, o Il Giornale publicou matéria afirmando que o editor teria tido um caso com um homem casado em 2004 e teria pagado uma multa à mulher de seu amante após ela tê-lo acusado de assédio. O jornal alegava que Boffo era um moralista hipócrita que não deveria criticar o estilo de vida de Berlusconi pois tinha, ele próprio, ‘esqueletos sexuais no armário’. Boffo, à frente do Avvenire por 15 anos, era uma das mais influentes vozes da mídia católica. O editor negou as acusações do Il Giornale, mas decidiu pedir demissão. ‘Por sete dias, meu nome tem sido o centro de uma tempestade de proporções gigantescas’, escreveu em uma carta endereçada ao presidente da Conferência Episcopal Italiana, cardeal Angelo Bagnasco. ‘Não posso aceitar que uma guerra de palavras que entristece a minha família e impressiona cada vez mais os italianos continue a crescer em torno do meu nome’. Apoio O ataque do Il Giornale a Boffo levou o Vaticano a cancelar um jantar entre Berlusconi e o secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone. Diversas autoridades da Igreja expressaram solidariedade ao editor, acusando o jornal da família do premiê de atitudes baixas em nome de razões políticas. Boffo agradeceu o apoio, mas manteve o pedido de demissão. ‘A Igreja tem coisas mais importantes a fazer do que gastar suas energias para defender uma única pessoa, ainda que acusada injustamente’, completou. Investigadores do caso de assédio aberto contra Boffo há cinco anos, em que ele era acusado de fazer ligações agressivas para a mulher [identificada pelo Il Giornale como mulher de seu amante], negam que haja documentos com referências a sua vida sexual no processo. O editor alega que as ligações foram feitas de seu celular por outra pessoa, sem sua autorização. Informações de Silvia Aloisi [Reuters, 3/9/09].