Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mídia vibra, deveria cobrar

Capas vibrantes, manchetes eufóricas, a animação foi construída ao longo de 18 dias e explodiu na tarde de uma sexta-feira (11/2) que começou incerta, carregada de dúvidas.


A renúncia de Hosni Mubarak teve um sabor extra para a mídia internacional: sua vigilância na Praça Tahrir foi decisiva para manter a pressão dos rebeldes e conter a repressão ensaiada dias antes.


Jornalistas também têm o direito de se engajar, comemorar e… abusar de metáforas com faraós e múmias. Felizmente deixaram Cleópatra de lado. O lugar-comum não foi inventado na era digital, mas é o seu beneficiário universal.


Focos de tensão


Apesar das duas semanas de intenso noticiário, os analistas preferiram não se arriscar. Enquanto o velho ditador desabava, o esquema militar que o produziu e tutelou ficou esquecido.


A república castrense do Egito ficou na sombra, os especialistas preferiram concentrar as suas atenções no chamado ‘perigo islâmico’, esquecidos de que a Irmandade Muçulmana, embora nascida às margens do Nilo, hoje não é ameaça.


E no sábado (12/2), quando o chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas, marechal Mohamed Hussein Tantawi, anunciou que o Egito respeitaria todos os acordos internacionais, nossa mídia exultou tanto quanto os israelenses. Deveria aproveitar a boa notícia para pressionar o atual governo de Benjamin Netanyahu a fazer a sua parte e acabar com um dos principais focos de tensões na região. No momento em que surge um novo Egito no cenário oriental a continuação dos assentamentos israelenses na Cisjordania exibe a decadência dos velhos falcões.