Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tiago Dória

GRIPE SUÍNA
Tiago Dória

Como a gripe pegou a internet

‘Logo após o governo dos EUA declarar estado de emergência, uma rápida mobilização foi feita.

Um wiki, que reúne informações sobre a epidemia, foi criado. Mapas que indicam a localização onde há casos confirmados ou suspeitos da gripe suína entraram no ar.

Uma das hashtags mais utilizadas no Twitter é justamente a #swineflu. Mas Evgeny Morozov, do Foreign Policy, mostra que o Twitter é uma faca de dois gumes e alerta para o nível de desinformação e pânico que o site está ajudando a propagar, o que rendeu uma charge irônica do Randall Munroe, no site XKCD.

Na primeira vez em que uma epidemia é acompanhada em âmbito mundial pelo Twitter, perfis relacionados à gripe suína são criados a todo momento. Dentro dessa perspectiva, o perfil do Centro de Controle de Doenças dos EUA é a fonte mais confiável.

Texto no blog da Pop!Tech lembra que um dos sites do sistema de saúde do Estado de Washington disponibilizou para download uma revista em quadrinhos sobre epidemias de gripe, inclusive com uma versão em português, em formato pdf (imagem acima).

No momento em que escrevo esse post, no Brasil, nenhum caso foi confirmado, mas o governo federal está distribuindo folhetos de orientação a passageiros de avião procedentes e com destino ao México, país mais afetado pela epidemia.’

 

TERCEIRA IDADE
Tiago Dória

Frase da semana

‘As pessoas com mais idade são o grupo demográfico que mais rápido está crescendo na internet’

Vicki Hanson, professora da Universidade de Dundee, que coordenou uma pesquisa divulgada no 8º Congresso Internacional World Wide Web, realizado nesta semana, na Espanha.

Segundo o estudo, a população acima de 70 anos já é a principal responsável pelo crescimento do uso da web em países desenvolvidos.’

 

DEBATE INTERROMPIDO
Tiago Dória

#Fail para a integração do Twitter

‘Entre os vários experimentos de integração do Twitter com outros sites, um que não deu certo foi o do Telegraphy, jornal que sempre foi entusiasta da utilização da ferramenta de microblogging (eles colocaram o Twitterfall ligado na redação em um telão).

Na página de economia do jornal, foi colocado um widget do Twitter (imagem abaixo) onde apareciam somente as mensagens do Twitter que tivessem a hashtag #budget. A intenção era discutir o orçamento britânico. Um videochat ou um fórum poderiam ser uma melhor saída, mas o Telegraphy continuou mesmo asssim.

O problema é que ao saberem que as suas mensagens apareceriam na página do jornal, usuários do Twitter começaram a enviar mensagens junto com a hashtag #budget com informações que nada tinham a ver com a discussão. No final, a discussão do orçamento não ocorreu.

Foi, mais ou menos, o que aconteceu com a página de scraps da Katilce, no Orkut, depois do show do U2 no Brasil (lembra?). Havia gente anunciando coisas para vender, outros aproveitando para dar um recado, fazer declaração de amor etc. O jornal tirou o widget do ar.

Para alguns, o Telegraphy superestimou a maturidade dos usuários do Twitter. Para outros, tudo não passou de um primeiro experimento.

Neste sentido, o escritor Nicholas Carr publicou um post – depois do flashmob, existe o hashmob, que é uma espécie de flashmob no Twitter, uma grande parte dos usuários combina de forma espontânea a utilizar uma única hashtag.’

 

MUDANÇA
Tiago Dória

MySpace segue pelo caminho da separação

‘Lembra-se do Tom? Tom Anderson (imagem acima), cofundador da MySpace, era aquele contato que, quando você se cadastrava pela primeira vez na rede social de música, era adicionado automaticamente à sua lista de contatos.

Era como um cartão de boas vindas da MySpace. Mais ou menos como acontecia no comecinho do Twitter. Você fazia o cadastro na ferramenta de microblogging e lá vinha Biz Stone, fundador do Twitter, adicioná-lo como amigo. Algo que hoje é impossível de ser feito manualmente.

A notícia é que Tom Anderson junto com Chris DeWolfe, fundadores da MySpace (foto abaixo), estão saindo da direção da empresa. A aparição de Tom como primeiro contato na MySpace está ameaçada.

DeWolfe continuará como assessor da rede social, ao fazer parte do conselho administrativo da versão chinesa da MySpace. O futuro de Tom é incerto, por enquanto.

Os fundadores da MySpace haviam passado por cima do velho ditado de que, depois que é comprado por terceiros, os fundadores de um site não permanecem mais do que 3 anos na direção. A MySpace foi comprada pela NewsCorp em 2005. Ou seja, já se passaram quase 4 anos.

Mas, desta vez, não teve jeito.

Em uma matéria tendenciosa, o Wall Street Journal, que é da NewsCorp, dá a entender que a mesma tentou salvar a MySpace durante todo esse tempo de problemas financeiros. A MySpace é uma das poucas plataformas de redes sociais que é rentável. É responsável pela maior fatia de receita da Fox Interactive Media, divisão digital da NewsCorp. Além disso, é a rede social mais visitada nos EUA.

O jornalista Om Malik faz uma análise mais interessante. Diz que a saída dos fundadores representa o fim de uma era em que as plataformas de redes sociais eram tratadas como o centro da internet. Redes sociais são ‘features’ e comercialmente não têm sentido em existirem sozinhas (conceito até hoje controverso).

É necessário deixar a poeira baixar um pouco para ter certeza de como aconteceu essa saída dos fundadores da MySpace. Muita coisa contraditória vem sendo falada e escrita, entre elas, a de que os fundadores teriam sofrido muita pressão para tornar a MySpace mais popular e rentável frente ao crescimento da Facebook e do Twitter.

A única certeza é que a MySpace entrou na lista de empresas de internet que são populares, mas cujos fundadores não fazem mais parte da direção. Fim cada vez mais comum para as empresas de internet recentes. O caminho da separação entre fundadores e direção.

No Flickr, Caterina Fake está fora do site de fotos, cuidando do seu serviço de perguntas e respostas Hunch. No delicious, Joshua Schachter hoje está na Google. E no Blogger, Evan Williams vem tratando com cuidado do Twitter.’

 

LINHA DO TEMPO
Tiago Dória

Quando a criatividade dos jornais sai de férias

‘Vocês já devem estar sabendo, mas vale comentar. A Google lançou, em caráter de teste, o GoogleNewsTimeline, que mostra o histórico de um assunto na forma de uma linha do tempo (imagem acima)..

Digite ‘Windows Microsoft’ na caixa de busca e você terá um histórico de todas as matérias que já foram publicadas sobre o tema, sendo que você pode filtrar por fonte, somente blogs, artigos da Wikipedia ou de revistas.

A interface ainda não é das melhores, eu concordo, mas é uma forma a mais (e mais interessante) de apresentar as notícias.

Utilizar linhas do tempo para apresentar conteúdo informativo já é um recurso adotado por alguns jornais online. O britânico Guardian já é adepto do uso do Dipity, um site gratuito que permite que você construa uma linha do tempo sobre qualquer assunto. Pode ter textos, fotos, vídeos.

No final, acredito que o GoogleNewsTimeline será mais utilizado por jornalistas do que por leitores comuns. As pessoas geralmente não consomem informação dessa forma. Mas será bem útil para pesquisas.

O que chama a atenção é que quase nenhum jornal fez isso antes (o El Comércio, do Peru, já utiliza linhas do tempo/imagem acima). Reflexo da falta crônica de investimento em pesquisa e inovação (tipo de investimento comum em outras indústrias) e dos monolíticos publicadores de conteúdo ainda utilizados pelos sites de jornais e que, muitas vezes, não permitem que desenvolvedores criem de forma fácil recursos a mais.

Por aí a gente percebe que o que a Google faz no final das contas não é nada de mais. O GoogleNewsTimeline é uma idéia simples, não tão difícil de ser aplicada. O que a empresa de busca faz é crescer em cima das deficiências dos outros, no caso, dos sites de jornais.

Qualquer jornal poderia ter feito isso antes, se tivesse mantido o espírito de criatividade e inovação que tanto moveu a indústria de jornais em seu início.’

 

PULITZER
Tiago Dória

Para levantar a moral da tropa

‘‘Nós atravessaremos por essa brutal mudança de negócios e de grande recessão. Histórias como essa são a principal prova de que alguns jornais sobreviverão’

Com essa frase, Bill Keller, editor executivo do NYTimes, comemorou os 5 prêmios Pulitzer que o jornal ganhou. O Pulitzer é considerado o mais importante, uma espécie de oscar, para o jornalismo norte-americano, que até hoje é referência para o resto do mundo.

Neste ano, as comemorações foram mais discretas, um dos últimos ganhadores do Pulitzer, no ano passado, por exemplo, hoje está desempregado.

Mesmo assim, o site de mídia Gawker publicou uma galeria de fotos de várias redações nos EUA comemorando a vitória por ter ganho o prêmio.

Enquanto isso, o recém lançado filme State of Play (trailer abaixo), com Russell Crowe e Ben Affleck, está sendo bem recebido.

É um filme que presta uma homenagem ao jornalismo. Tendo como base uma série da BBC, mostra a trajetória de jornalistas para descobrir um caso de corrupção e assassinato em Washington.

Em consequência da boa aceitação, o Los Angeles Times saiu atrás da resposta de por que, em época de crise mais acentuada no jornalismo impresso, Hollywood gosta tanto de produzir filmes enaltecendo os jornalistas.

A resposta é que Hollywood gosta de ‘uma boa história de ficção’.’

 

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