A pressão sobre a imprensa da Costa do Marfim é grande diante da instabilidade política do país, que teve início depois do segundo turno das eleições presidenciais, realizado no fim de novembro. O presidente Laurent Gbagbo não aceitou a derrota para o rival Alassane Ouattara, e se recusa a deixar o poder. Líderes de outros países africanos estiveram na Costa do Marfim nas últimas semanas tentando convencer Gbagbo a ceder pacificamente o governo a Ouattara.
A Costa do Marfim enfrentou, de 2002 a 2007, uma guerra civil que deixou o país dividido. De um lado, as forças de segurança do Sul apoiam Gbagbo; do outro, ao Norte, está um grupo que não se desarmou após o conflito e agora está do lado de Outtara. Uma missão das Nações Unidas está no país para tentar evitar o início de uma nova guerra.
Jornalistas presos
A instabilidade vem se refletindo na imprensa. A retransmissão de estações de rádio e TV estrangeiras foi bloqueada e a publicação de jornais de oposição tem sofrido obstruções. Pelo menos 10 jornalistas estrangeiros foram presos no último mês, e o clima de intimidação e medo é cada vez maior para os veículos de comunicação.
A Radio-Télévision Ivoirienne, estatal, continua a tomar o lado de Gbagbo, e acusa o canal de notícias francês France 24 de tentar desestabilizar o país ao transmitir o resultado provisório dado pelo conselho eleitoral independente, que concedeu vitória a Ouattara. O diário Le Temps acusa a mídia francesa de ‘má fé’. O Notre Voie afirma que a TV francesa noticia mentiras e desinformação.
O sinal de todos os canais de rádio e TV internacionais transmitidos pelo serviço de satélite Canal+ Horizon foram suspensos por ordem do Conselho Nacional de Transmissão, sob a justificativa de que era preciso ‘preservar a paz social’. Sete jornais de oposição e o diário independente L’Intelligent d’Abidjan foram proibidos de circular depois que a Guarda Republicana fez uma busca na gráfica que os imprime. Com informações do Guardian [30/12/10].