Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Excesso de jornalistas na Copa

A vida brasileira mede-se de quatro em quatro anos e não é por causa do mandato presidencial.

Dentro de horas começará o novo desafio quadrienal, a Copa do Mundo. Esta tem características especiais: grandes confusões, ansiedade e uma tremenda saturação da cobertura. Cada incidente na concentração, por menor que seja, ganha aqui proporções gigantescas e retorna ampliado para Ozoir-la-Ferrière.


A prova está nas acusações que aparecem no último domingo vocalizadas por Zagallo e Ronaldinho. O técnico declarou para o Estado de S. Paulo: “Dar notícias é uma coisa, inventar, outra. Um problema mínimo é logo transformado num gigante. O pior é que o público acredita.” O craque Ronaldinho, em O Globo, apesar da imagem de bom menino, também não poupou a imprensa: “A imprensa mete o pau e depois vemos lá nos mesmos jornais que somos campeões. Nós quem?”


Para atrair leitores e leitoras, as empresas mandaram à França enormes equipes que ficam zanzando sem ter o que fazer antes e depois dos jogos. Foram despachados comentaristas políticos, colunistas sociais, humoristas, cartunistas, articulistas incendiários – tudo pelo sensacional.


Um levantamento com base nos jornais do último domingo revela que nos jornais mais badalativos o número de jornalistas não-esportivos, somado às celebridades, é maior do que o dos colunistas esportivos.


No Globo há seis colunistas não esportivos para três esportivos. Na Folha, os colunistas não-esportivos são os dobro dos esportivos. O resultado não pode ser diferente – pura xaropada.


Todos sabem que futebol perde-se ou ganha-se no gramado. Mas esta farra da Copa não ajuda a vencer. E pode antecipar.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm