Crise da economia e a mídia. Eleições e a mídia. A mídia na mídia. Hoje é difícil tratar de qualquer tema ou fato sem tratar do papel da própria mídia em seus desdobramentos.
Esta crise das bolsas está sendo qualificada como a maior desde 87 e breve poderá equiparar-se ao crack de 1929. Essas comparações numéricas não estão levando em conta um dado da maior relevância: o papel da imprensa contemporânea em reforçar, magnificar e propagar uma crise institucional que, neste momento, situa-se no âmbito da Rússia.
Todas as avaliações são feitas em cima das cotações das bolsas. Mas não se conseguiu ainda fazer a medição dos efeitos do noticiário alarmista sobre o ânimo dos investidores.
A crise virtual está se sobrepondo à crise real e isso de tal modo que hoje é impossível dizer se o problema está nos pregões ou nas manchetes do dia seguinte.
Com as eleições está acontecendo exatamente a mesma coisa: a notícia está na própria notícia. Ou na sua negação.
Aconteceu hoje, terça feira, com a Folha de S. Paulo, onde um desmentido na primeira página e a admissão de um erro na terceira tornaram-se mais relevantes do que os fatos do dia.
A verdade é que a campanha eleitoral está sendo coberta dentro dos mesmos parâmetros da Copa do Mundo. Mas é preciso lembrar que as distorções de uma cobertura esportiva afetam as emoções dos torcedores enquanto os erros de uma cobertura eleitoral afetam o destino de um país.
O estado da mídia produziu no último domingo extraordinária reação de um dos nossos mais importantes escritores, também colunista de jornal. João Ubaldo Ribeiro declarou em seu artigo de O Globo e do Estado de S. Paulo que nunca mais concederá entrevistas, sobretudo na Tv. É o seu protesto contra o despreparo dos entrevistadores e uma denúncia contra um sistema onde todos ganham, menos os entrevistados.
Já pedimos uma entrevista a João Ubaldo.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm