Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Demissões

O que você vai ver e ouvir agora está sendo noticiado com muita discrição pela mídia. No meio do noticiário dramatizado estas informações quase não chamam a atenção. Mas trata-se de um dos maiores dramas já vividos pela imprensa brasileira.

Pelo menos dois grandes grupos jornalísticos brasileiros estão em situação extremamente difícil, à beira do abismo. Mas todas as demais empresas, por enquanto com exceção da Folha, estão enxugando os seus quadros e demitindo profissionais. Calcula-se em mil o número de jornalistas e radialistas já afastados.


O público ainda não percebeu os efeitos dessas demissões no papel ou na programação. A não ser no caso desses dois grupos que correm perigo. Mas de alguma forma esta crise subterrânea acabará aflorando.


A causa desta debacle simultânea não pode ser transferida à atual crise econômica internacional. É anterior. Tem a ver com a crise de identidade que afeta a mídia em todo o mundo e que no Brasil vem sendo minimizada. É uma crise nas empresas brasileiras mas é sobretudo uma crise no jornalismo que se pratica no Brasil há mais de 10 anos.


O modelo de submissão ao mercado esgotou-se. Alguns jornalistas abriram mão de suas convicções e capitularam ao marketing. O resultado está aí. O público cansou do sensacionalismo, do denuncismo, da trivialidade, da celebração vazia. O jornalismo tornou-se descartável, vitrine de brindes e promoções.


A imprensa criticou a utilização abusiva das pesquisas eleitorais mas as empresas jornalísticas consultam diariamente o público para saber o que pensa a respeito do seu noticiário. Ou estas amostragens são precárias ou alguem não está sabendo ler a mensagem embutida naqueles números.


A grande verdade é que o cidadão, você, quer saber o que está se passando na mídia mas o cidadão, você, não tem obrigação de ensinar aos jornalistas o que devem fazer ou como comportar-se.


Se a mídia não está conseguindo encaixar-se na sua missão e fazer-se indispensável, o problema é da mídia. Não é problema do público.


Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm