O escritor João Ubaldo declarou aqui que não concede mais entrevistas. Um dos motivos desta insólita decisão é a baixa qualidade dos entrevistadores. Hoje vamos tratar da formação dos jornalistas, mas antes disso é bom registrar que o problema não está apenas nos jovens jornalistas destacados para entrevistar as celebridades. O problema está num modelo de jornalismo apressado e pouco preciso.
Nesta semana temos dois exemplos típicos. A cobertura da chantagem contra o presidente da República e alguns dos expoentes do seu partido, está esquecendo um ponto fundamental. A notícia foi dada em primeira mão pela revista Época e estava muito clara: o candidato Paulo Maluf ofereceu documentos falsos para serem usados pelo PT na véspera do segundo turno de São Paulo.
Os testemunhos são muitos, insuspeitos e indiscutíveis. Apesar dessa evidência onde há uma clara infração e um claro infrator, alguns jornais e jornalistas estão desviando a atenção para outros aspectos do episódio.
Assim, enquanto a discussão se desloca, o principal acusado e mandante fica protegido num plano secundário. Com toda a certeza apto a escapar mais uma vez da punição.
Outro desvio praticado pela mídia está na CPI das pesquisas eleitorais. No caso, o desvio foi praticado pelos parlamentares que não ousam investir contra a mídia, por isso fazem carga apenas contra os institutos e os resultados das suas prévias.
Os institutos americanos também erraram na semana passada quando mostraram-se incapazes de prever a virada democrata. Mas a imprensa americana não saiu caçando bruxas porque não depende tanto das prévias para sua cobertura política.
Já no Brasil, a obsessão pelas pesquisas por parte da mídia é tamanha que acaba confundindo o eleitorado.
Se é para fazer uma CPI sobre as prévias eleitorais não se pode ignorar quem as publica com tanto estardalhaço.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm