Passadas quatro semanas da temporada de escândalos, os jornais de hoje, terça-feira, praticamente os esqueceram.
Os chantagistas e grampeadores ainda não foram descobertos mas podem considerar-se bem sucedidos – conseguiram exatamente o que pretendiam. Com a valiosa ajuda da mídia.
Dois dias depois das primeiras revelações este Observatório começou a questionar o papel da imprensa no episódio. Na semana passada, o próprio presidente da República entrou no debate propondo que os partidos discutam um novo padrão para a mídia.
A reação dos veículos e dos profissionais foi pronta mas não foi unânime. Há hoje um consenso na sociedade que se faz necessário algum tipo de regulamentação.
No ano passado o presidente defendeu a tese da auto-regulamentação apoiada pelos empresários. Este Observatório foi contra. Sustentamos há mais de dois anos em nosso boletim da internet a necessidade de uma nova lei de imprensa, posição idêntica à da federação dos jornalistas.
Na semana passada, o presidente da República alterou claramente sua argumentação. Propõe agora que os partidos e a sociedade comecem a discutir o papel da mídia. O Presidente não mencionou o mercado. A sociedade é maior do que os mercados, a sociedade tem legitimidade e representação. O mercado e os empresários têm apenas interesses.
Todas as queixas veiculadas por este programa a respeito da mídia relacionam-se à subordinação desta às imposições do mercado. Portanto, se é para criar algum tipo de regulamentação não faz sentido que seja entregue justamente àqueles que esquecem seus compromissos públicos.
Quem inventou o padrão Ratinho de qualidade, hoje generalizado, não pode ter o mandato para zelar por uma mídia mais responsável.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm