Você sabe que o escritor Gabriel Garcia Marques, usa nos seus livros a técnica da reportagem. Mas você sabia que Gabo, como é chamado, é também um jornalista muito atento aos problemas da mídia?
O colombiano, Prêmio Nobel da Literatura, criou há dois anos a Fundação para um Novo Jornalismo Ibero-Americano e os jornais de hoje noticiam um dos seus primeiros feitos: acabou de realizar um seminário com os principais editores colombianos para examinar como a imprensa pode apressar o processo de paz no país.
Não é o nosso caso, não estamos divididos nem sofrendo os efeitos de uma luta armada como a Colômbia. Mas estamos, sim, vivendo uma dramática situação econômica e social com o agravante de que não há consenso. Ao contrário, o estopim da nossa guerra foi aceso justamente pela ferocidade do debate político muitas vezes estimulado pela mídia.
Nossa imprensa estaria mesmo disposta a participar de um processo de construção e concórdia?
Apenas como ilustração veja o que saiu na primeira página da Folha de S. Paulo de ontem, segunda-feira. Uma sondagem com os novos congressistas indicou que a maioria é contra a desvalorização do real. Acontece que na página interna, sem destaque, o leitor fica sabendo que não é bem assim: a pesquisa começou a ser feita mais de um mês antes da desvalorização.
O pequeno detalhe invalida o significado da amostragem mas não foi registrado com o mesmo destaque.
Não seria o caso de chamar Garcia Marques para discutir com os editores brasileiros de que maneira a nossa mídia pode colaborar para diminuir os efeitos da desvalorização e a ameaça de retorno da inflação?
Enquanto Garcia Marques não vem, aqui ficam suas recomendações para os jornalistas de seu país. Valem também para nós: aqui não há guerra mas às vezes parece que nossa imprensa gostaria que houvesse.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm