O número de jornais impressos vêm diminuindo em todo o mundo. Por isso, no momento em que na maior cidade brasileira é lançado um novo jornal, só podemos nos alegrar. Mas será que devemos nos alegrar mesmo? Veja por exemplo este comercial:
Qual é exatamente o produto que está sendo lançado? Panelas importadas ou um novo jornal para defender os interesses da população de baixa renda?
Mas o pior é que este não é o primeiro caso de lançamento de um veículo popular atrelado a um concurso de panelas. A moda começou aqui, no Rio de Janeiro, há menos de um ano quando foi lançado o Extra do Grupo Globo. Acontece que o jornal lançado ontem nas bancas, o Agora São Paulo, é do Grupo Folha, adversário encarniçado do Grupo Globo.
Este o grande problema. Os grupos jornalísticos se enfrentam e se digladiam em matéria política mas comportam-se de maneira idêntica perante o público. Agem dentro dos mesmos princípios. Com o mesmo desprezo pelos seus compromissos sociais.
A competição jornalística no Brasil não está criando diversidade, nem alternativas. Ao invés de estabelecer novos padrões, reforçam-se as experiências anteriores. Não porque são boas mas porque deram certo.
Esse marketing de resultados está criando um jornalismo descartável. E se o processo avança como promete, breve o quarto poder será representado não por uma pena ou um teclado mas por uma bateria de panelas. Então será difícil mudar sua imagem.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm