Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Câmera oculta pega a sardinha e livra o tubarão, diz Maia

Em entrevista dada hoje ao Observatório da Imprensa, o prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, condenou o uso de câmera oculta no telejornalismo. “Em geral quem está entrando na câmera oculta é a sardinha, não é o tubarão”, disse Maia.


O senhor acha que é útil usar câmera oculta?


Maia – Perigoso. Extremamente perigoso. Porque os tubarões têm todo um sistema de controle em que eles não são acessíveis para esse tipo de contato. Os jornalistas pegam o funcionário do INSS, o funcionário de um hospital vendendo um lugar na fila. Estão sempre pegando o andar de baixo dos desvios de conduta, mas nunca conseguem pegar o andar de cima. Porque no andar de cima é impossível se chegar com uma câmera oculta, e o risco que se tem para se chegar com uma câmera oculta em cima de um grande grupo empresarial e perder dele a publicidade, e isso gerar nos outros grupos uma espécie de prevenção com aquele meio de comunicação é muito grande. Termina a câmera oculta sendo uma maneira, em geral, de expor o pequeno delinqüente, a pequena delinqüência.


Isso é muito perigoso, porque se passa a criminalizar as pessoas na ponta da linha e se deixam de lado aqueles que realmente fazem grande negócios, gerando milhões e milhões de dólares. Talvez com gravações de telefone se consiga pegar um ou outro caso, como casos de políticos que as emissoras de televisão já colocaram. Mas em geral quem está entrando na câmera oculta é a sardinha, não é o tubarão.


Ver também:


Prefeito: mídia critica pouco o consumo de drogas


Maia diz que novela invade telejornalismo