Boa noite.
Você leitor de jornais e revistas tem o direito de supor que estão lhe oferecendo as informações que importam e podem afetar a sua vida. Mas essa suposição nem sempre se confirma.
A Cimeira do Rio é uma prova cabal do descompasso entre a importância do que acontece e o destaque que recebe.
Repare nas últimas edições das nossas revistas semanais: nenhuma delas mencionou na capa a reunião dos chefes de estado que hoje se encerrou. Também a Folha de hoje na sua edição nacional considerou a Cimeira como secundária. Preferiu a denúncia.
Pode-se adivinhar a desculpa: assuntos deste tipo, importantes porém sem dramaticidade, não vendem, nem impactam. O leitor quer trepidação, dirão.
A desculpa é esfarrapada e capciosa: mais de 60% da circulação dos grandes jornais e 80% das revistas vive de assinaturas. Isso significa que hoje a imprensa já não depende de manchetes diárias. Por outro lado, quem acostuma o público com este diapasão de dramaticidade são os jornais e revistas. Significa que se o público leitor hoje comporta-se como quem vai ao circo a culpa é de quem estabeleceu esses paradigmas.
A imprensa brasileira está na contramão da imprensa internacional. Há poucos anos a mídia nacional reclamava que a mídia internacional via o Brasil como território de exotismo e violência. E justamente no momento em que o Brasil começa a chamar a atenção por sua importância econômica, parte da nossa mídia insiste na velha técnica da primazia da abobrinha e do denuncismo. O que nos leva à triste conclusão: a imagem que os outros têm de nós é a imagem que fabricamos a nosso respeito.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm