Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Os 50 anos do Clube dos Sócios

Onde está a maior audiência das emissoras de rádio no Brasil? A resposta é fácil: nas principais metrópoles do país. Ela está certa, mas em parte. Poucos conhecem a trajetória vitoriosa de uma emissora do interior do estado de São Paulo: a Rádio Aparecida, que tem estúdios e transmissores localizados próximos à Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte (SP). A Rádio Aparecida foi inaugurada em setembro de 1951. Atualmente, emite em freqüência modulada (FM), ondas médias (OM) e em quatro canais de ondas curtas (OC).

Em 1955, a emissora fundava, por incentivo do padre Victor Coelho, o Clube dos Sócios. A estratégia era simples: os romeiros e ouvintes passariam a ajudar na manutenção da emissora com uma contribuição anual. Uma pessoa seria responsável por arrecadar o dinheiro e entregar à emissora. Deu certo? Diríamos que sim, após 50 anos de atividades. Conforme Gilberto Paiva, na obra 50 Anos da Rádio Aparecida, o número de sócios passava de 230 mil no ano de 2000. Segundo o autor, em janeiro de 2001, a emissora arrecadou R$ 93 mil com o Clube dos Sócios. Além de ouvinte, cada sócio estimula pessoas próximas a escutar a emissora.

Como ouvinte, tive meu primeiro contato com o programa no fim dos anos 70. Na época, Nunes Filho e Regina Maria eram os apresentadores. Regina trabalhou em frente aos microfones da emissora por mais de 30 anos. Muito cedo, aprendi que o fascínio pelo rádio faz com que o ouvinte não se prenda a conceitos de religião. Assim, mesmo não sendo católico, aprendi a ouvir e a gostar da Rádio Aparecida e de seus programas religiosos e de entretenimento. Classifico, desde aqueles tempos, a programação religiosa da emissora como distinta e de bom gosto.

Parte da história

Naquela época, o programa Clube dos Sócios irradiava pedidos de bênçãos, anúncios de batismo e avisos das pessoas autorizadas pela emissora a arrecadar as doações anuais. Recentemente, ouvi novamente o Clube dos Sócios da Rádio Aparecida. Ele, agora, está inserido nos espaços conhecidos como Nossa Família RA e Gente Nossa. O enredo é praticamente o mesmo. Os romeiros e sócios continuam sendo entrevistados pela emissora, como nos anos 70. É interessante ouvir relatos de pessoas simples, que viajaram várias horas, falando de sua fé e da alegria em estar naquele ambiente, de forma emocionada.

As emissões em ondas curtas já não têm a audiência de anos anteriores. Hoje, praticamente todos os municípios de porte médio têm uma emissora de rádio, seja em ondas médias ou em freqüência modulada. As comunidades católicas e evangélicas usam cada vez mais o rádio como elo de ligação com seus fiéis e futuros seguidores, sempre em OM ou FM. O cinqüentenário Clube dos Sócios da Rádio Aparecida mostra que o rádio em ondas curtas, num país de dimensão continental, ainda tem audiência considerável. Tanto é assim que duas empresas brasileiras fabricam receptores de rádio indicando o nome ‘Rádio Aparecida’ no dial. Como ouvinte, ressalto que a programação da emissora segue padrões de ética e responsabilidade com a educação dos ouvintes. Além dos tradicionais espaços religiosos, como a Consagração a Nossa Senhora, a estação abre espaço para o jornalismo, músicas de raiz, serviços e debates. Eu nunca ouvi anúncios de cigarros e bebidas. Da mesma forma, jamais escutei agressões ao idioma e músicas de péssimo gosto, o que é comum em emissoras das grandes metrópoles.

A Rádio Aparecida pode ser sintonizada, em ondas curtas, nas freqüências de 5035, 6135, 9630 e 11855 kHz. Ao completar 50 anos, o Clube dos Sócios da Rádio Aparecida já faz parte da história da radiodifusão brasileira.

******

Jornalista e radioescuta; (www.romais.jor.br)