O portal G1, do grupo Globo caminha para mais de 100 seus blogs e não pára de crescer desde maio de 2007.
A estratégia de abrir espaços para páginas pessoais parece estar dando certo e confirma uma velha previsão de que os weblogs seriam a grande ferramenta para exploração de nichos informativos.
As limitações físicas dos canais convencionais de comunicação sempre trabalharam contra os nichos informativos, ou seja, áreas de informação muito segmentadas e com público restrito. Era caro demais dedicar páginas ou preciosos minutos a temas que não atraem muitos leitores.
Para muitos, trata-se da aplicação da teoria da ‘cauda longa’ ao jornalismo. A idéia da ‘cauda’, foi desenvolvida pelo norte-americano Chris Anderson e afirma que, ao aproximar os mercados consumidores por meio da internet, os nichos comerciais e de serviços podem, em principio, faturar mais do que os grandes lojas ou grandes prestadores de serviços.
Na área da informação, a Cauda Longa explicaria porque blogs sobre assuntos ultra-especializados conseguem audiências que lhes garantem uma sustentabilidade — o que é o sonho de donos de jornais, por exemplo. É que uma página impressa sobre motocicletas antigas terá uns 20 adeptos no Brasil, o que não daria para pagar a conta do telefone do seu editor.
Mas como a Web não tem fronteiras, o público potencial está espalhado pelo planeta e aí é fácil encontrar umas três mil pessoas interessadas, cujas visitas freqüentes viabilizariam o weblog, com a renda de anúncios no Google.
A constatação de que é possível explorar nichos informativos terá conseqüências enormes sobre a oferta de conteúdos online e vai abrir perspectivas inéditas a jornalistas de todos os tipos, desde os de pijama até os calouros de faculdade.
O blog como nicho informativo não é apenas importante como fonte de ingressos financeiros, mas também como ferramenta de inserção social da atividade jornalística. Para obter informações, um blogueiro, jornalista ou não, precisa de fontes de informação, que geralmente são membros de algum tipo de comunidade.
Ele é o canal entre quem tem e quem busca notícias, informações ou conhecimentos. Nesse sentido, o jornalista é levado a abandonar a torre de marfim onde se colocou a pretexto de preservar sua independência e objetividade para tornar-se parte de uma rede informativa, o que o coloca em pé de igualdade e sujeito a cobranças por parte de informantes e leitores.
Ainda estamos longe desta espécie de nirvana informativo, mas o que está acontecendo com os blogs dos grandes jornais mostra uma tendência relevante, embora ela ainda permaneça escondida dentro da complicada estrutura de sites como o do G1 e do The Times.
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Aos leitores – Estarei ausente até segunda-feira, para dar um curso no exterior.