Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Uma nota de pesar e uma palavra de esperança a propósito do falecimento de Jorge Amado, o narrador do Brasil.
A imprensa está prestando grandes homenagens ao mais querido escritor brasileiro de todos os tempos. Mas, passado o luto, caberá a esta mesma imprensa a tarefa de criar condições para que apareçam seus herdeiros.
O Brasil precisa de outros intérpretes mas também precisa da vontade de ser interpretado pelo mundo afora. Como escreveu a repórter de política Teresa Cruvinel no Globo de hoje: ‘Sem Jorge Amado quem falará do Brasil ao mundo além das agências de risco?’
Este é o nosso desafio. Um país deste porte precisa de outros muitos Amados. Mas quem vai fazê-los amados será a imprensa, o jornalismo, os jornalistas, os leitores, enfim, todos os que ainda se consideram agentes de um processo cultural e não apenas peões de uma guerra de cifras e rankings e cujos vilões nem sabemos exatamente quem são.
Jorge Amado surgiu e cresceu quando o Brasil não tinha expressão política ou econômica. Jorge Amado desaparece quando somos uma das dez maiores economias do mundo. E o que aconteceu no intervalo dos anos 30 do século 20 aos primeiros anos do século 21? Crescemos ou diminuímos? Melhoramos os índices certamente mas não temos outros Amados para equiparar-se ao Jorge que se foi.
Sabemos que leva tempo. mas temos plena consciência de que esta substituição não se fará por concurso, por decreto ou com truques publicitários de editoras, dos promotores ou veículos apressadinhos.
Importante lembrar que Jorge Amado foi um fenômeno graças aos livros que escreveu numa época em que não se fazia promoção nem marketing. Também não foram as telenovelas ou filmes que o tornaram tão conhecido no mundo. Jorge Amado está aí para nos lembrar que literatura faz-se com grandes livros, literatura faz-se com grandes autores e, sobretudo, com muitos leitores.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm