Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Você certamente ficou comovido com as fotos e relatos sobre o atentado terrorista na pizzaria em Jerusalém. Como também fica tocado quando lê, ouve ou vê algo sobre os sobreviventes de catástrofes ou refugiados de guerras. No entanto, quando as tragédias se passam no campo da economia o diapasão é outro.
Por um estranho mimetismo o jornalismo econômico adota a postura e o comportamento daqueles que lidam com a fria ciência econômica. O resultado é uma cobertura na base de cifras e cifrões, abstrata, gelada, olímpica, desumanizada, completamente esvaziada das emoções e sofrimentos que estas cifras e cifrões provocam nas vidas das pessoas.
Como disse ontem o jornalista Carlos Alberto Sardenberg no Estadão: ‘quando um país quebra é preciso lembrar que há gente quebrando junto’.
Um estado não sofre, quem sofre são os cidadãos desse estado, gente como a gente. Há poucas semanas uma psicanalista argentina publicou no Clarín um grito de revolta contra a fixação da imprensa em índices frios como o ‘risco país’. Perguntou ela: quando é que se vai medir a ‘dor país’? Seu patético texto felizmente teve alguma repercussão entre nós mas nossa mídia, de uma forma geral, continua tratando a grande tragédia argentina como uma equação numérica, abstrata e vaga.
Neste turbilhão de contas vale lembrar os versos do poeta e sermonista inglês John Donne que já foi até título de filme. Há mais de 400 anos antecipando a globalização disse Donne: ‘nenhum homem é uma ilha… por isso não pergunte por quem dobram os sinos. Eles dobram por ti’.
Assista ao compacto desse programa em:
www.tvebrasil.com.br/observatorio/videos.htm