Bem-vindos ao Observatório da Imprensa.
Se esta é mesmo a era da comunicação é imperioso comunicá-la. Comunicá-la e discuti-la. Sobretudo nos seus aspectos concretos, imediatos. No entanto, os veículos de comunicação são geralmente reservados: não gostam de se discutir como se os comunicadores tivessem receio dos comunicados.
O maior mérito da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, Confecom, é a sua própria realização. Convocada pelo primeiro setor, o governo, teve entusiástica adesão do 3º setor, as entidades não governamentais. Mas o segundo setor, a iniciativa privada, inicialmente renitente, acabou afastando-se definitivamente: das sete corporações empresariais da mídia, apenas uma participou do evento. Ponto para a única que permaneceu.
Nunca é demais lembrar que os três setores não se importaram muito com o misterioso sumiço do Conselho de Comunicação Social. Previsto na Constituição como órgão auxiliar do Congresso, o Conselho de Comunicação teve curtíssima duração e como já lembramos inúmeras vezes neste Observatório até hoje ninguém se deu ao trabalho de explicar por que razão evaporou-se e foi desativado.
A Confecom recebeu cerca de 6.200 propostas, a maioria claramente retórica mas na abertura e ao longo do dia de hoje nenhuma ONG ou movimento social lembrou-se de protestar contra a decisão do STF que manteve e até legitimou a censura prévia imposta ao Estadão. Esperemos que a omissão seja reparada amanhã ou depois. Com este renascimento da censura não adianta discutir a comunicação.
De qualquer forma, as propostas geradas pelos diversos órgãos do primeiro setor, devidamente debatidas pelo Legislativo e a sociedade, podem superar as omissões e a obsolescência de uma comunicação concebida antes da era da comunicação.