Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O horror, o horror!

As fotos da primeira página da Folha e do Estado de hoje, mostrando uma massa de presos amontoados no pátio a céu aberto do Centro de Detenção Provisória de Ararquara, valem por um poster de recrutamento para o PCC.

É verdade que os detentos destruíram o presídio. Mas estão assim, desde segunda-feira, 1.443 pessoas. Quaisquer que tenham sido os seus crimes, ainda são pessoas. Elas foram confinadas nessa área de 30 x 30 metros. Mais de 100 estão doentes.

O próprio governador Cláudio Lembo, que culpou os presos por seus padecimentos, reconheceu que a situação é “dramática”.

A mídia tem procurado cobrir – e tem conseguido em boa parte – o inferno prisional paulista, já comparado a campos de concentração nazistas. Onde cabem 100 detentos, apertam-se 500, 1.000 – sabe-se lá quantos mais.

Se você fosse um deles, não faria qualquer coisa para acordar desse pesadelo? Mesmo que acordar significasse matar e morrer?

Enquanto isso, como diria Manoel Bandeira, os donos do poder “tiram ouro do nariz”.

Não se iludam. Antes de melhorar, se e quando isso acontecer, vai piorar.

Por ora – e por muito tempo ainda – só repetindo as palavras finais de “Coração das Trevas”, de Joseph Conrad:

”O horror, o horror!”

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