Tuesday, 26 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

‘Liberdade com responsabilidade’ a essa hora?

Já que o presidente Lula, a propósito da mídia, falou ontem em ‘os mais velhos, da nossa idade’, exume-se do bau de velharias o ditado ‘Uma no cravo, outra na ferradura’. Vem a calhar.

Lula deu uma no cravo ao dizer que, na ditadura, ‘era proibido falar contra o governo e agora é proibido falar a favor’. A frase só não é redonda porque antes era proibido criticar, literalmente, e agora, ao menos na sua visão, é como se fosse proibido elogiar. Mas isso é detalhe.

A rata do presidente, a martelada na ferradura, foi ele dizer, no mesmo contexto em que invocou o garrote da ditadura brasileira sobre a mídia, que a imprensa precisa ser plenamente livre, mas também responsável. Suas palavras: ‘Liberdade plena exige responsabilidade.’

Os mais velhos, da nossa idade, lembram plenamente que a gorilada e os paisanos que os serviam – com destaque para o então ministro da Justiça, Armando ‘nada a declarar’ Falcão – falavam o tempo todo em ‘crítica construtiva’ e ‘liberdade com responsabilidade’.

Tanto falavam que isso virou piada nas redações. Humor negro, naturalmente.

A questão de fundo é o anacronismo tanto das proclamações em favor da liberdade de imprensa como das exortações para que ela seja responsável.

De um governante livremente eleito não se espera que se oponha à livre imprensa. Tal seria, como se diz.

Já a responsabilidade, a seriedade que se espera da mídia não deriva da liberdade que lhe é própria nas sociedades democráticas. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Quando a mídia incondicionalmente livre se comporta de forma irresponsável, cedo ou tarde será punida pelo descrédito do público. Quando leviana, pelas sentenças dos tribunais.

O resto é patrulhamento.

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