Globo, Estado e Jornal do Brasil bancam hoje a singela versão do Exército de que as 11 armas roubadas de um quartel no Rio foram localizadas com base na informação de “um elemento que passou e se evadiu”.
O máximo a que o Globo chegou foi dizer que, “de acordo com um militar, o Comando Militar do Leste recebeu anteontem a informação de que chefes de uma facção criminosa, presos em Bangu I, determinaram a devolução das armas, por meio de advogados, aos traficantes do Morro da Mangueira, que esteve ocupado pelos militares”.
Já o Estado, citando “o Exército”, explicou que “a localização das armas foi revelada por traficantes preocupados com o prejuízo para as vendas de uma ocupação realizada ontem na Rocinha”.
Mas a Folha não deixou por menos. “Exército recupera armas após fazer acordo com facção de traficantes”, estampou na primeira página, com um título que só perde em destaque para o do anúncio da candidatura Alckmin ao Planalto.
A matéria, assinada por Raphael Gomide, é categórica:
“Integrantes do Exército negociaram sigilosamente com a facção criminosa Comando Vermelho (CV) a recuperação de 10 fuzis e uma pistola roubados de um quartel do Rio, segundo relatos feitos à Folha por pessoas envolvidas.”
E tem mais, informa Gomide:
“As armas já estavam em posse do Exército desde domingo à noite… Militares celebraram o sucesso da operação no mesmo dia… Apesar de já estar com o armamento desde domingo, o Exército realizou uma megaoperação ontem na Rocinha…”
A Folha não deixa de registrar que o general Domingos Curado, comandante do Comando Militar do Leste, considerou a suspeita absurda. “O Exército não negocia com criminosos e age dentro da lei.”
O leitor que escolha entre o repórter com as suas “pessoas envolvidas” e o Exército com o seu “elemento que passou e se evadiu”.
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