Custos de produção mais elevados e queda dos preços das principais commodities devem interromper, em 2005, a fase de ‘vacas gordas’’ do agronegócio brasileiro. Nos últimos três anos, com faturamento em alta, o fazendeiro brasileiro virou uma espécie de celebridade. Saiu na Caras, no Jornal Nacional e até em publicações internacionais como The New York Times e o Financial Times.
A lua-de-mel da grande imprensa com os grandes fazendeiros, porém, deve acabar no próximo ano. E os reis da soja, do algodão, do milho e da cocada preta, e suas colheitadeiras maravilhosas, devem sair de cartaz. Pelo menos por um tempo.
Melhor assim. O deslumbramento da mídia com o agronegócio conseguiu mais uma vez distorcer a imagem do agricultor brasileiro. Antes da bonança, ele era visto como caipira, atrasado, caloteiro e chorão. De três anos para cá, tornou-se um empresário moderno, competente e refinado. Pior: assanhados com o sucesso dos nossos caubóis do Centro-Oeste, alguns jornalistas compraram suas teses ‘desenvolvimentistas’’ e passaram a apoiar a expansão sem limite da soja – não apenas nos Cerrados, mas em terras da Amazônia.
Longe de mim saudar a crise que se avizinha como uma espécie de castigo contra a cobiça de certos agricultores ou os excessos da mídia. Mas, como dizem os orientais, toda crise traz oportunidades. Esta vai ser um teste para o setor. Vivemos uma bolha do agronegócio ou o Brasil montou as bases para o crescimento sustentável?
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Jornalista, editor do Agropauta (http://www.agropauta.com.br/)