Os jornais Guardian (inglês) e The New York Times (norte-americano) foram considerados os jornais mais preocupados com a transparência editorial e administrativa, segundo os resultados de uma pesquisa realizada pelo Centro Internacional de Estudos sobre a Mídia e Agenda Pública (ICMPA) , da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
O Guardian obteve 3,8 pontos numa escala máxima de cinco, superando por pequena margem o Times, que alcançou os 3,4 pontos. No outro extremo da tabela de transparência estão a revista norte-americana Time e o canal britânico de televisão Sky News, com 0,6 e 0,4 pontos respectivamente. Ao todo foram investigadas 25 empresas de comunicação, incluindo jornais, revistas e programas jornalísticos na televisão.
A pesquisa usou cinco critérios para avaliar a transparência jornalística e gerencial em 11 jornais, 11 televisões e 3 revistas:
1) Empenho em corrigir publicamente erros editoriais;
2) Fornecimento de informações sobre bens e interesses de seus donos;
3) Franqueza na exposição de regras internas sobre pessoal;
4) Transparência nas políticas de edição e de investigação jornalística;
5) Abertura para críticas de leitores e espectadores;
Cada um destes critérios foi medido a partir de cinco notas: excelente, muito bom, regular, pobre e inaceitável. Em termos de comparação, o jornal Guardian obteve quatro notas excelente e uma muito bom, enquanto a revista Time, recebeu três decepcionantes notas inaceitável, uma pobre e uma regular.
O informe final da pesquisa afirma que os jornalistas dos mais importantes órgãos da imprensa mundial “não apenas se mostram relutantes em explicar o que investigam e como investigam, mas também seus empregadores se mostram pouco dispostos a admitir erros bem como assumir publicamente suas políticas editoriais e seus padrões éticos”.
O repórter Sydney Schanberg, ganhador do premio Pulitzer de 1976, quando era correspondente do The NewYork Times no sudeste asiático, afirma no relatório final do estudo que : “A imprensa cobra transparência dos governos, empresas e organizações sociais. Mas os repórteres rejeitam a transparência em suas atividades, justificando que estão fazendo um bom jornalismo. Mas o público necessita uma ampla explicação e só quem pode dá-la, são os próprios jornalistas”.
Outras constatações surpreendentes da pesquisa:
- Apenas 7 dos 25 grupos jornalísticos pesquisados tem um ombudsman;
- Nove deles não tem espaços para o leitor expressar suas opiniões;
- Só 11 dos 25 publicam com destaque correções de erros cometidos (a pesquisa destaca a seção Public Eye, da rede norte-americana de TV CBS onde os espectadores podem emitir opiniões e sugestões);
Se este é o quadro identificado pela pesquisa entre empresas consideradas a nata do jornalismo mundial, temos motivos de sobra para uma boa dose de preocupação porque a falta de transparência editorial e administrativa tende a ser ainda maior em empresas de menor porte no resto do planeta.