Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Agência Reuters lança o jornalismo do imaginário


A primeira sucursal imaginária de uma agência de notícias real será inaugurada nesta quarta feira (18/10), quando entrar em ação o ‘repórter Adam Reuters‘, correspondente da agência de notícias Reuters num país virtual chamado Second Life.


Adam não será o primeiro jornalista a fazer matérias sobre os quase 900 mil habitantes deste espaço criado há dois anos pela empresa californiana Linden . O pioneiro foi um repórter da revista eletrônica CNET que há quase seis meses escreve sobre os personagens virtuais criados por internautas de carne e osso. A BBC de Londres já promoveu concertos virtuais no Second Life e no ano passado fez a primeira transmissão do telejornal NewsNight desde o território imaginário.  


O ingresso no Second Life é gratuito e uma vez aceito o participante real pode criar um tipo fictício e tratá-lo como se fosse humano. O software permite o desenvolvimento dos personagens em terceira dimensão, com movimentos e comunicação próprios, desempenhando funções que podem variar do mais crú realismo até a mais delirante fantasia.


Os habitantes do Second Life podem fazer transações usando uma moeda local chamada Linden Dollar cuja cotação no dia 16/10 era 272 unidades por dólar norte-americano. A ponte entre o mundo virtual e o físico é a casa de câmbio onde os participantes compram moeda imaginária pagando com cartões de crédito comuns.


Por estranho que pareça a decisão da Reuters não é uma brincadeira e nem uma excentricidade, porque várias de empresas respeitadas no mundo corporativo, como a Coca Cola e o banco Wells Fargo já tem negócios em Second Life, onde em média 400 mil dólares reais mudam de dono, a cada vinte quatro horas.


A Reuters pode estar pensando apenas em ocupar alguns megabytes de espaço cibernético para marcar presença e promover seus produtos informativos entre internautas dotados de uma fértil imaginação. Mas as matérias produzidas por Adam Reuters, o alter ego do editor real Adam Pasick, situam-se num polêmico espaço onde as fronteiras entre a ficção e a realidade já não são tão nítidas.


Adam começou a trabalhar antes mesmo da inauguração da sucursal imaginária produzindo matérias que tratam de forma real questões virtuais, como por exemplo a informação de que o congresso norte-americano vai investigar as transações realizadas no Second Life.


Não é difícil catalogar a experiência da agência como um exercício corriqueiro de marketing corporativo mas é impossivel negar também que a virtualidade começou a despertar interesse jornalístico. Que o digam os quase meio milhão de pessoas que visitam mensalmente o Second Life para ver o que está acontecendo lá dentro.