No dia 2/12, o presidente do Egito, Hosni Mubarak, declarou que os palestinos deveriam aproveitar o momento para fazer avançar o processo de paz com os israelenses, já que seu primeiro-ministro, Ariel Sharon, também teria as condições de fazê-lo. Sharon teria ‘pedido apenas o fim das explosões’ para dar início a um trabalho conjunto com os palestinos, afirmara Mubarak. O New York Times destacou que o discurso do egípcio havia sido ‘notavelmente conciliatório’ e o Washington Times colocou a notícia na primeira página, por se tratar de uma ‘rara’ demonstração de apreço feita por um líder árabe a um mandatário do estado judeu. O Washington Post, no entanto, segundo seu ombudsman, Michael Getler [12/12/04], não mencionou as declarações de Mubarak.
Outro exemplo de ‘negligência’ recente do Post apontado pelos leitores é o do ataque à bomba ao consulado dos EUA na Arábia Saudita, que matou cinco pessoas, nenhuma delas americana. O diário colocou a notícia na página A19, com pequena chamada na capa. ‘Era um consulado dos EUA. As pessoas mortas trabalhavam para nós. Nós fomos o alvo e vocês colocam isso na página A19’, protestou um leitor, em mensagem a Getler, concluindo que a decisão dos editores foi ‘insultante’. O ombudsman escreve que, naquele dia, o Post tinha vários assuntos importantes na primeira página, mas que sob nenhum ponto de vista o atentado poderia ter ficado relegado a uma página interna.
Getler aponta ainda um outro assunto a que o jornal não tem dado a devida importância. No dia 3/12, o então secretário de saúde americano, Tommy Thompson, renunciou a seu cargo, declarando não entender porque terroristas não atacaram o fornecimento de alimentos nos EUA, ‘algo que seria tão fácil de se fazer’. O ombudsman nota que o Post não fez uma matéria separada sobre o risco que essa possibilidade representa, colocando as declarações de Thompson dentro de uma matéria que especulava sobre a permanência do secretário de defesa Donald Rumsfeld, o que já não era grande novidade.