Salvo engano, o que há de melhor nos jornais deste domingo sobre a sucessão presidencial são uma reportagem e um par de notas.
A reportagem é de Carlos Marchi, no Estado. Trata do descalabro que é a campanha do tucano Geraldo ‘Vou chacoalhar as estruturas deste país’ Alckmin.
Citando correligionários do candidato, a matéria assinala que o ex-governador começou ‘sem estratégia, sem discurso, sem dinheiro, sem equipe, sem marca, sem um programa para vender e com pouco trânsito no Congresso’.
As notas são do Painel da Folha. Tratam do porquê da situação confortável nas pesquisas do presidente Luiz Inácio ‘O Brasil não está longe de atingir a perfeição no tratamento de saúde’ Lula da Silva.
Em discussões em grupo – as ‘qualis’, na gíria dos pesquiseiros – participantes avaliam que Lula errou na política ‘porque não tinha experiência’. Agora, dizem, segundo o Painel, ‘mais experiente’, vai ‘escolher melhor’ com quem trabalhar.
Ao que um daqueles gaiatos que Fernando Henrique chamaria de fracassomaníacos, e Lula de invejosos da felicidade alheia, saiu-se com esta:
Num programa de auditório da TV de um pais do ultramar, em que as pessoas respondem a perguntas sobre qualquer assunto e vão acumulando dinheiro até errar, quando ficam sem nada, um cidadão vinha acertando tudo há tantos programas que tinha acumulado 50 mil euros.
Chegou então a noite decisiva. Ou ele desistia, embolsando 25 mil, ou continuava e, dando tudo certo, faturava 100 mil – o prêmio máximo. Bastava dar a resposta certa a uma única pergunta.
Então, diante de uma platéia eletrizada, o apresentador tira de um envelope lacrado a pergunta de 100 mil euros:
– Quanto são dois mais dois?
– Três, responde o participante, sem pestanejar.
Silêncio tumular no auditório, enquanto o apresentador começa a menear a cabeça, surpreso e desalentado. Eis que, do fundo para as primeiras filas, vai se formando um coro ensurdecedor:
– Mais u-ma chan-ce! Mais u-ma chan-ce! Mais u-ma chance!
O apresentador, confuso, consulta a produção pelo microfone de lapela – e, pelo visto, recebe o sinal verde. Volta-se para o respondedor e anuncia:
– Pois bem. Diante dessa reação tão vibrante e unânime, o senhor terá uma segunda chance. Repito a pergunta: quanto são dois mais dois?
– Dessa vez, o homem pára para pensar e responde, como quem achou o caminho das pedras:
– Cinco!
Pasmo, o apresentador abre os braços para o chão, em compungida desolação. Mas o coro recomeça, mais forte do que da primeira vez:
– Mais u-ma chan-ce! Mais u-ma chan-ce! Mais u-ma chance!
De novo o apresentador consulta a produção e de novo é autorizado a dar ao cidadão a ‘derradeira oportunidade’, como adverte. E indaga, depois de um suspiro:
– Quanto são dois mais dois?
Com ar de quem finalmente viu a luz no fim do túnel, o cavalheiro devolve de bate-pronto:
– Quatro!
Aliviado e sorrindo de fora a fora, o apresentador vai se encaminhando para entregar ao acertador o cheque de 100 mil euros, quando a platéia prorrompe:
– Mais u-ma chan-ce! Mais u-ma chan-ce! Mais u-ma chance!
Que injustiça!
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