Num Primeiro de Maio chapa-esbranquiçada, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, deputado pelo PDT de São Paulo, acrescentou o tempero que o reportariado procura desesperadamente para tornar menos tedioso o noticiário sobre um evento cuja pauta é tão previsível como a noite depois do dia.
O sindicalista-deputado, cujo oposicionismo secou desde que Lula deu uma força à sua central sindical, entregando-lhe o Ministério do Trabalho – a CUT ficou com a Previdência – foi assediado pela imprensa para explicar por que trocou a agenda trabalhista pela ambientalista como tema do Dia do Trabalho.
Foi aí que ele disse que já era hora de os sindicatos se preocuparem com o aquecimento global, até por interesse próprio. E emendou: ‘Essa coisa de meio ambiente, vamos falar a verdade, até pouco tempo atrás era coisa de veado. Não era? Era.’
Hoje o Estado deu essa coisa de título: ‘Paulinho associa tema ao homossexualismo’.
Bobagem. Com a sua baixaria , ele apenas terá querido dizer que até há pouco o assunto era sinônimo de frivolidade, que é o que significa em linguagem desbocada a expressão ‘coisa de veado’ -ou ‘coisa de v…’, como preferiu a colunista da Folha Mônica Bergamo, enquanto na matéria do mesmo jornal a palavra aparecia com as demais quatro letras.
Outra colunista, Dora Kramer, do Estado, cobriu o sindicalista de pancada, num texto intitulado ‘A idiotia convicta’, que o chama de tolo, oportunista, anacrônico de alma, patético…
Menos, menos. Falta de assunto de um lado, grosseria de outro dão nisso.
Melhor foi comentar, como fez a deputada Maria do Rosário, do PT gaúcho, citada pela Folha: ‘Paulinho mostra que aprendeu algo com os homossexuais. Falta só aprender a respeitá-los.’
Alguém podia lembrar também que até pouco tempo atrás havia quem achasse que apelido com diminutivo, tipo Paulinho, era coisa de. Paulo que é Paulo se faria chamar Paulão.
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