Escrevendo hoje no Valor, os economistas Rosa Marques, da PUC-SP, e Áquilas Mendes, da FAAP-SP, fecham um artigo sobre os critérios para medir a pobreza no Brasil com um apelo à mídia:
”A imprensa estaria prestando um serviço ao país se indagasse e/ou sugerisse o desenvolvimento de pesquisas que avaliassem se o contingente de pobres está ou não diminuindo, tanto em número absoluto como relativo, e se promovesse uma discussão ampla dos determinantes da pobreza e das medidas que poderiam ser efetivadas para sua resolução. […] Ao mesmo tempo, a imprensa poderia alimentar um debate sobre a necessidade e os meios de a sociedade garantir a todos seus cidadãos o dinheiro a uma renda mínima.”
Mas a imprensa pode – e deve – fazer mais do que sugerir a realização de pesquisas, discutir as causas e as curas da pobreza, e alimentar um debate sobre renda mínima.
Pode – e deve – tratar de tudo isso em entrevistas, comentários e editoriais. Mas, acima de tudo e antes de mais nada, em reportagens à moda antiga, quando editores e publishers valorizavam matérias bem apuradas, bem escritas e bem apresentadas sobre questões de interesse nacional.
Já passa da hora de sair em algum grande jornal brasileiro uma série como “Class in America”, um conjunto de sete caudalosas reportagens que o New York Times publicou entre 15 de maio e 12 de junho do ano passado sobre o crescimento da desigualdade social nos Estados Unidos.
E os professores que acertadamente pedem mais da imprensa no quesito pobreza também podiam fazer a sua parte.
Por exemplo, criando uma publicação eletrônica que reuniria os dados e análises disponíveis sobre o tema no Brasil, com as devidas atualizações, estimulando novas pesquisas e estudos. Entidades privadas e do terceiro setor poderiam financiar a iniciativa.
Um modelo capaz, talvez, de inspirar os interessados é o site Poverty in America, bancado pela Universidade da Pensilvânia e a Fundação Ford.
Acadêmicos e jornalistas não perderão o seu tempo se lhe fizerem uma visita.
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