Os jornais dão destaque hoje ao anúncio pelo presidente eleito da Bolívia, Evo Morales, de que não deseja cooperação com o governo americano condicionada à política de erradicação do plantio de coca.
Morales fez claramente, durante a campanha, um discurso em defesa do plantio legal da coca. E contra o tráfico de drogas. A política antidrogas americana é questionada no continente inteiro, inclusive por especialistas dos Estados Unidos. Até aqui, o mínimo que se pode dizer é que não deu os resultados esperados.
É importante que o governo boliviano mantenha o controle de sua política antidrogas. Cada país precisa definir suas próprias linhas de ação nessa difícil tarefa. Há mais de vinte anos, a agência antidrogas americana avisou a polícia brasileira, em especial a do Rio de Janeiro, que haveria uma migração da maconha para a cocaína, o que efetivamente aconteceu. Mas as autoridades brasileiras não souberam usar a advertência. Logo depois, intensificou-se o contrabando de armas, muitas das quais vindas dos Estados Unidos.
A polícia do Rio foi corrompida numa escala sem precedentes. A mídia assistiu a esse processo totalmente perdida no tiroteio. O quadro hoje é tenebroso. Só não é pior porque não houve até aqui superposição entre criminalidade violenta e manipulação política, embora algumas pessoas desmioladas tenham sonhado com isso.