A mídia está cobrindo apenas as consequências ostensivas do fato de ser este ‘o pior Congresso da história do país’, como diz – e dele ninguém há de discordar – o presidente do Conselho de Ética da Câmara, Ricardo Izar.
Mas como é que Cãmara e Senado produzem essa realidade? O que acontece, ou deixa de acontecer, nas entranhas do Parlamento e nas suas relações com o Executivo, que gera os monstrengos legislativos, políticos e éticos que a imprensa divulga um dia sim, o outro também.
Está na hora de um grande jornal investir numa série de reportagens sobre o making of dos vexames que se sucedem sem que o país venha abaixo e que fazem deste Congresso Nacional um verdadeiro Congresso antinacional.
E está na hora de a mídia encarar uma questão ainda mais cabeluda: quem garante que o próximo Congresso será melhor? Quais podem ser os fatores políticos e institucionais capazes de reverter, por pouco que seja, esse quadro de horrores?
Descartado o voto nulo, por inútil, como pode o eleitor – com as regras do jogo eleitoral que estão aí – fazer a sua partezinha para deter o desastre anunciado?
Dá trabalho, mas não é impossível a imprensa ir além da superfície do problema. É só uma questão de ‘vontade jornalística’.
***
Os comentários serão selecionados para publicação. Serão desconsideradas as mensagens ofensivas, anônimas, que contenham termos de baixo calão, incitem à violência e aquelas cujos autores não possam ser contatados por terem fornecido e-mails falsos.