Do texto enviado à revista Carta Capital e ao Observatório da Imprensa pelo diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, sobre a história das fotos do dinheiro do dossiê:
‘Conversando com quatro jornalistas, nenhum deles da TV Globo, o delegado, a certa altura, pergunta para qual televisão ele deve divulgar, alegando que precisa que as fotos saiam numa TV. Os repórteres, nenhum deles da TV Globo, sugerem a Globo e o SBT. O delegado pergunta então se há alguém da Globo nas proximidades, e os repórteres apontam para Rodrigo Bocardi, repórter do Jornal Nacional, que estava de plantão na Polícia Federal. Outro repórter do grupo acrescenta que também está na PF um repórter da TV Bandeirantes, a quem classifica de gente finíssima. O delegado alega que não tem CDs para todos, mas os repórteres asseguram a ele que tirarão cópias e farão a distribuição aos repórteres de TV.‘
Supondo verdadeira a narrativa, os trechos destacados evidenciam condutas profissionais impróprias.
Jornalista não tem de sugerir quais as emissoras mais indicadas para a divulgação de seja lá o que for. Jornalista não é consultor de fonte.
Jornalista não tem de dizer à fonte que outro é ‘gente finíssima’, ou seja, confiável. Jornalista não é avalista de colegas.
Jornalista não tem de tirar cópias de material para distribuição a outros. Jornalista não é assessor de comunicação de fonte.
No meu manual, o tipo de relação que se estabeleceu entre o delegado e os repórteres em questão tem um nome: promiscuidade.
***
Os comentários serão selecionados para publicação. Serão desconsideradas as mensagens ofensivas, anônimas, que contenham termos de baixo calão, incitem à violência e aquelas cujos autores não possam ser contatados por terem fornecido e-mails falsos.